Legisladores do Parlamento Europeu oficializaram a decisão de banir a venda de carros movidos a combustíveis fósseis na União Europeia a partir de 2035. A aprovação da medida aconteceu nesta terça-feira, 14, durante a assembleia de Estrasburgo por 340 votos a 279, com 21 abstenções.
As novas regras estipulam que, até 2035, as montadoras devem cortar totalmente as emissões de CO2 dos carros novos vendidos, o que tornaria impossível a venda de veículos movidos a combustíveis fósseis no bloco de 27 países. As empresas devem cumprir a medida gradualmente, com um corte de 55% a partir de 2030.
Montadoras pequenas, que produzem menos de 10 mil veículos por ano, vão ter mais flexibilidade na mudança e podem negociar metas mais fracas até 2036. Enquanto isso, as grandes empresas do setor já começaram a anunciar investimentos em eletrificação. Thomas Schaefer, presidente-executivo da Volkswagen, disse em 2022 que a partir de 2033 a marca só vai produzir carros elétricos na Europa.
Os Estados-membros da União Europeia já concordaram com a resolução dos legisladores e vão aprovar formalmente a medida na próxima reunião ministerial, que deve acontecer em março.
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Na prática, veículos elétricos devem começar a ser favorecidos em relação aos movidos a gasolina e diesel, que vão ter a venda suspensa até a data definida. Muitos eurodeputados consideram a votação uma vitória para o planeta.
“Já não teremos, ou quase já não teremos carros a gasolina ou a gasóleo nas nossas estradas em 2050… é uma vitória para o nosso planeta e para as nossas populações”, disse Karima Delli, presidente do Comitê de Transporte.
O projeto tem como objetivo reduzir a emissão de CO2 e combater as mudanças climáticas. A legislação faz parte de um plano mais amplo da UE que visa tomar medidas mais rígidas para se tornar uma economia “neutra para o clima” até 2050.
Atualmente, 15% das emissões de CO2 da UE são provocadas pelos carros. Enquanto isso, o setor de transporte como um todo gera cerca de 25% da emissão.
Além disso, os defensores da medida argumentam que as montadoras europeias vão ter tempo suficiente para desenvolver tecnologias para concorrer com as empresas da China e dos EUA. A previsão deles é de que só a China vai lançar 80 novos modelos de carros elétricos no mercado internacional até o final de 2023.
“São bons carros. São carros que serão cada vez mais acessíveis, e precisamos competir com eles. Não queremos abrir mão dessa indústria essencial para quem está de fora”, afirmou Frans Timmermans, vice-presidente da UE.
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Entretanto, opositores da nova lei se preocupam com a geração de emprego e defendem que os argumentos de que os carros elétricos são mais baratos se tornaram inúteis por conta da crise dos crescentes custos de energia. Esses deputados também temem um “efeito Havana”, onde os europeus vão continuar a dirigir veículos movidos a combustíveis fósseis por não ter dinheiro para comprar os elétricos.
“Na Alemanha, 600 mil pessoas trabalham na produção do setor, esses empregos estão em risco”, declarou Jens Gieseke, membro do Partido Popular Europeu de centro-direita.
A produção de baterias para os carros elétricos também foi pauta para debate. Opositores afirmam que os produtos são produzidos por concorrentes de fora da Europa, como os Estados Unidos, mas defensores acreditam que com o investimento da UE a produção europeia aumentaria.
Enquanto a nova lei da UE passava pelo Parlamento Europeu, o estado americano da Califórnia revelou um grande plano para subsidiar uma transição verde de sua indústria com ajudas do governo. Em agosto de 2022, o estado aprovou uma lei que proíbe a venda de novos carros movidos a gasolina a partir de 2035.
O estado com uma frota de 12% dos carros indicados como “emissão zero”. A meta da legislação é de que esse número aumente para 100% até a data limite de 2035, com objetivos provisórios de 35% em 2026 e 68% em 2030.
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O projeto marca o início de uma transição do setor automobilístico norte americano visto que a Califórnia é o maior mercado automotivo dos EUA e é esperado que outros estados sigam seu exemplo.
Enquanto isso, o maior mercado automobilístico do mundo, a China, planeja que pelo menos 50% de todos os carros vendidos sejam elétricos, híbridos plug-in ou movidos a hidrogênio até o ano de 2035.