UE segue comprometida com acordo com Mercosul, diz comissário de Comércio
Apesar do tom positivo, Valdis Dombrovskis disse compartilhar preocupações de parte dos Estados-membros sobre desmatamento e adesão ao Acordo de Paris
O vice-presidente da Comissão Europeia e comissário de Comércio da União Europeia, Valdis Dombrovskis, afirmou nesta quarta-feira, 3, que o bloco continua comprometido em trabalhar para ratificar o acordo comercial com o Mercosul, mas busca melhoras adicionais no tema meio ambiente, principal ponto de atrito nas negociações.
Dombrovskis afirmou que segue vigente o compromisso da UE em confirmar os termos pactuados em 2019, do acordo que reconheceu ser “um dos maiores” firmados pelo bloco em termos econômicos com um parceiro internacional.
O vice-presidente da Comissão Europeia, responsável pela política comercial em nome dos 27 integrantes do bloco, disse ter consciência e que compartilha preocupações de parte dos Estados-membros e eurodeputados sobre o desmatamento e a adesão do Mercosul ao Acordo de Paris.
“Esses são os compromissos adicionais e melhoras que estamos buscando na discussão com os países do Mercosul”, explicou Dombrovskis, que classificou as conversas sobre os temas como “positivas e construtivas”.
Ele lembrou ainda que não está estipulado um prazo específico para a conclusão dos diálogos. “É preciso explorar o que é factível, o que podemos negociar e entrar em acordo exatamente, com os países do Mercosul”, disse, completando também sobre a necessidade de “verificar se isso aliviará as preocupações dos Estados e atores envolvidos no acordo”.
O Parlamento Europeu e países como França, Bélgica, Holanda e Áustria consideram que o acordo comercial com o Mercosul, alcançado em 2019 após 20 anos de negociação, não contém suficientes cláusulas para proteger o meio ambiente e o desmatamento no Brasil. No ano passado, a Alemanha também se juntou aos Estados-Membros da UE que já expressaram dúvidas sobre a implementação do pacto.
Essas dúvidas estão atrasando o processo de ratificação do tratado entre os Estados da União Europeia, que cobram mais garantias nesse sentido.
Na terça-feira 2, o secretário de Comércio Exterior da França, Franck Riester, disse que “demorará” até que seja possível retirar todas as objeções do país ao acordo, podendo levar, inclusive, alguns anos. Um integrante do governo de Emmanuel Macron afirmou que está sendo negociado um mecanismo para evitar que as importações da União Europeia impliquem em desmatamento nos países de origem.
Em janeiro, o presidente francês já havia anunciado que seu país iria iniciar a produção de soja na Europa, porque “depender da soja brasileira é endossar o desmatamento da Amazônia”. Ele tem criticado ativamente as políticas ambientais do governo de Jair Bolsonaro desde 2019, chamando as queimadas na floresta tropical de crise internacional – ao que o brasileiro respondeu que o francês refletia a mentalidade “colonialista” do passado.