UE investigará Meta por desinformação sobre eleições do Parlamento Europeu
Conglomerado que engloba WhatsApp, Instagram e Facebook não estaria aplicando medidas suficientes para controlar suposta desinformação cometida pela Rússia
A União Europeia (UE) prepara-se para abrir um processo formal contra a Meta, conglomerado que engloba WhatsApp, Instagram e Facebook, por não estar aplicando medidas suficientes para controlar a suposta desinformação cometida pela Rússia antes das eleições para o Parlamento Europeu, marcadas para junho deste ano. A informação foi divulgada nesta segunda-feira, 29, pelo jornal britânico Financial Times (FT).
Fontes ouvidas pelo jornal, sob condição de anonimato, afirmaram que a investigação a ser conduzida pela Comissão Europeia, braço executivo da UE, seria baseada na falta de um monitoramento eficaz sobre publicações eleitorais, em meio à crescente preocupação sobre o efeito das notícias falsas nos resultados das urnas. Além disso, indicaria que os mecanismos de sinalização de informações ilegais seriam inadequado.
O processo alegaria, então, que a Meta não conta com um sistema resistente para interromper a circulação de conteúdos que tentem invalidar as votações. O governo russo seria uma das principais fontes de cabeça para as autoridades europeias, que teriam relatado preocupações com esforços russos de influenciar as eleições ao redor da Europa, de acordo com o Financial Times. As ressalvas com o Kremlin, no entanto, não seria citado nominalmente no documento da UE.
Em meio ao receio europeu, o Parlamento orientou os eleitores para que não acreditem nas mentiras disseminadas, incluindo a suposta informação de que apenas votos com cores de caneta específicas seriam aceitas. A organização não governamental DisinfoLab rastreou 17 mil incidentes de desinformação de notícias falsas, inclusive sobre a guerra na Ucrânia.
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Fim do CrowdTangle
A Comissão Europeia estaria incomodada, ainda, com o plano da Meta de interromper o CrowdTangle, ferramenta que permite que seja monitorada a disseminação de fake news e que é utilizada por jornalistas e especialistas em desinformação. A descontinuação ocorre em um contexto de surgimento de leis robustas da UE. Entre elas está a Lei dos Serviços Digitais, que insta gigantes da tecnologia a regularem os conteúdos publicados em suas plataformas.
“Temos um processo bem estabelecido para identificar e mitigar riscos em nossas plataformas. Esperamos continuar a nossa cooperação com a Comissão Europeia e fornecer-lhes mais detalhes sobre este trabalho”, disse um porta-voz da Meta ao FT, sem ter o nome divulgado.
A mudança da Meta teria sido realizada pouco menos de uma semana após a Comissão ter lançado testes de resistência em plataformas de mídias sociais “designadas”, a partir das determinações da Lei dos Serviços Digitais. Em comunicado, o executivo anunciou que “apresentou uma série de cenários fictícios baseados em experiências passadas com tentativas de manipulação e interferência eleitoral, bem como manipulação de informação cibernética e ameaças híbridas”.
“O objetivo era testar a prontidão das plataformas para lidar com comportamentos manipuladores que poderiam ocorrer no período que antecedeu as eleições, em particular as diferentes táticas, técnicas e procedimentos manipulativos”, acrescentou na última quarta-feira, 24.