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UE faz censura velada à extrema-direita italiana, favorita nas eleições

Ursula von der Leyen, chefe da Comissão Europeia, disse que o bloco tem 'ferramentas' para lidar com países anti-democráticos, citando Polônia e Hungria

Por Da Redação
23 set 2022, 11h29
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  • A chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, alertou a Itália na quinta-feira 22 sobre possíveis consequências caso se desvie dos princípios democráticos. A advertência velada ocorre dias antes das eleições para primeiro-ministro no país, que a coalizão de extrema-direita liderada pela neofascista Giorgia Meloni deve vencer.

    Matteo Salvini, chefe do partido Liga e parte da coalizão conservadora de Meloni, denunciou seus comentários como “arrogância vergonhosa”.

    “O que é isso, uma ameaça?” ele escreveu no Twitter. “Respeite o voto livre, democrático e soberano do povo italiano!”

    O posicionamento da chefe do executivo da União Europeia destacou a preocupação em algumas capitais do bloco com o pleito deste domingo, 25, e sugeriram que as relações entre Bruxelas e Roma podem ficar turbulentas se Meloni e seus parceiros assegurarem a vitória.

    “Minha abordagem é que qualquer governo democrático que esteja disposto a trabalhar conosco, estamos trabalhando juntos”, disse von der Leyen na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, respondendo a uma pergunta sobre suas preocupações em relação às eleições na Itália.

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    + Viktor Orbán, a voz da intolerância

    “Se as coisas vão em uma direção difícil, como falei sobre Hungria e Polônia, temos ferramentas [para lidar com isso]”, acrescentou.

    No último domingo 18, a Comissão Europeia suspendeu um pacote de financiamento de 7,5 bilhões de euros (R$ 38,19 bilhões) para a Hungria por corrupção, o primeiro caso desse tipo no bloco de 27 países.

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    A União Europeia criou o recurso de sanção financeira há dois anos, em resposta ao que diz ser o enfraquecimento da democracia na Polônia e na Hungria. O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, ficou conhecido por subjugar os tribunais, a mídia, ONGs e acadêmicos do país, além de restringir os direitos de imigrantes, homossexuais e mulheres durante mais de uma década no poder.

    + Citando violações, Parlamento Europeu dá ultimato contra Polônia e Hungria

    Von der Leyen também foi criticada pelo governo polonês, onde o vice-ministro da Justiça acusou a Alemanha de conduzir as decisões da União Europeia.

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    “A presidente da Comissão Europeia sugere que, se os italianos elegerem um governo do qual Bruxelas não gosta, eles podem ter os fundos bloqueados”, disse o vice-ministro da Justiça polonês, Sebastian Kaleta, no Twitter.

    “Mais uma prova de que o ‘estado de direito’ é pura chantagem para impor ditames da União Europeia, ou melhor, alemães. Tal é a ‘democracia'”, acrescentou.

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    Kaleta pertence ao partido conservador Polônia Unida, cujo líder é o ministro da Justiça Zbigniew Ziobro, arquiteto das reformas judiciais que Bruxelas diz prejudicar a independência dos tribunais na nação.

    Eric Mamer, porta-voz da Comissão Europeia, disse a repórteres em Bruxelas que von der Leyen não estava tentando interferir na política italiana.

    “Ela estava enfatizando o papel da Comissão como guardiã dos tratados [europeus] em relação ao estado de direito”, disse ele nesta sexta-feira, 23.

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