A União Europeia (UE) parabenizou nesta terça-feira, 23, o próximo primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, mas reiterou que não vai acatar as promessas eleitorais do líder conservador de renegociar o Brexit.
A Comissão Europeia está disposta a trabalhar com Johnson, segundo uma porta-voz, mas os limites são claros.
“Estamos ansiosos para trabalhar construtivamente com o primeiro-ministro Johnson quando ele tomar posse para facilitar a ratificação do acordo de retirada e alcançar um Brexit organizado”, disse o negociador do bloco, Michel Barnier.
“Também estamos prontos para reformular a declaração acordada em função da nova parceria”, acrescentou, ao referir-se à declaração política que acompanha o acordo legal de separação.
Minutos antes de a vitória de Johnson ser anunciada, o vice-presidente da Comissão, Frans Timmermans, disse que a UE não concordaria com mudanças no acordo que havia selado com a premiê Theresa May. Esse acordo foi rejeitado três vezes pelo Parlamento britânico.
“O Reino Unido chegou a um acordo com a União Europeia, e a União Europeia vai se ater a esse acordo”, afirmou Timmermans em uma coletiva de imprensa. “Esse é o melhor acordo possível”.
Timmermans acrescentou que a UE manteria o encaminhamento do Brexit e que “o caráter ou a personalidade ou a atitude” peculiares de Johnson não fariam diferença.
Boris Johnson é defensor ferrenho da saída do Reino Unido do bloco e participou da campanha a favor do Brexit no referendo de 2016 que decidiu pelo divórcio.
O conservador é categórico ao afirmar que, caso o Reino Unido não consiga chegar a um acordo com os europeus até 31 de outubro, o país deixará a União Europeia na marra, mesmo sem consenso interno. A data original do divórcio era 29 de março, mas foi adiada duas vezes por falta de apoio ao acordo de May e para evitar uma saída sem acordo.
Analistas já afirmaram, contudo, que um Brexit brusco causará traumas econômicos e uma situação de caos para os britânicos. Os parlamentares do Partido Trabalhista insistem na convocação de um novo referendo sobre o tema.
Além de já ter sido rejeitada pelo Parlamento, a ideia de uma saída da União Europeia sem acordo também não é unânime entre os parlamentares conservadores.
“Vamos ouvir o que o novo premiê tem a dizer quando vier a Bruxelas”, disse Timmermans, mas advertiu sobre o cenário mais prejudicial: o Reino Unido deixar o bloco sem um acordo para administrar as consequências.
Para Timmermans, a ausência de um acordo “seria uma tragédia, para todas as partes, não apenas para o Reino Unido”. “Todos vamos sofrer se isso acontecer.”
(Com Reuters)