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‘Ucrânia tem direito de se defender’, diz premiê norueguês sobre ataques à Rússia

Em roda de conversa com VEJA e outros veículos, Jonas Støre apoiou decisão de Biden de autorizar uso de armas dos EUA contra território russo

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 18 nov 2024, 18h12 - Publicado em 18 nov 2024, 07h43

Depois de um dia animado no Rio de Janeiro – grelhando bacalhau na churrasqueira, distribuindo bolinhos de peixe em um bar, andando de bondinho e assistindo a um campeonato de futebol no Leme –, o primeiro-ministro da Noruega, Jonas Gahr Støre, se confrontou com questões mais duras no fim da tarde. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou no domingo 17 que autorizou a Ucrânia a usar armas americanas contra a Rússia, cruzando uma “linha vermelha” traçada por Vladimir Putin.

O norueguês, convidado para a cúpula do G20, que começa nesta segunda-feira, 18, vem apoiando Kiev desde o início da guerra, em fevereiro de 2022, e diante do anúncio de Washington afirmou que o país invadido “tem o direito de se defender”. Mas reconheceu que a permissão do uso de mísseis de longo alcance de um país ocidental contra o território russo pode dificultar as negociações sobre a declaração final do grupo das maiores economias do mundo.

“Se você quiser chegar a um consenso entre esses 20 países, terá que ser realista”, disse Støre em uma roda de conversa com seis veículos estrangeiros e nacionais, entre eles VEJA.

Guerra na Ucrânia

Alguns dos pontos mais polêmicos sobre a declaração final da cúpula ficaram para a última etapa de negociações – entre eles, as guerras no Oriente Médio e na Ucrânia, com o agravante de que a delegação russa estará presente no evento –, e podem empacar sua assinatura por todos os países. Ou seja, existe a possibilidade que a reunião termine sem o documento, o que seria um fracasso para o Brasil, que ocupa a presidência rotativa do G20.

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Para Støre, a mudança de política dos EUA, que vem poucas semanas antes de Biden deixar a Casa Branca nas mãos de Donald Trump (muito menos afeito à causa ucraniana), é bem-vinda porque pode ajudar a por um ponto final no conflito. 

“Essa guerra tem que acabar, com a Ucrânia no banco da frente. A Rússia invadiu um estado soberano democrático, e hoje a Ucrânia é atingida todos os dias e todas as noites por mísseis, drones e artilharia de longo alcance, destruindo redes elétricas, infraestrutura civil. A Ucrânia tem o direito de se defender contra essa agressão”, afirmou na noite de domingo, referindo-se ao uso de mísseis de longo alcance contra a Rússia.

Ele fez a ressalva de que espera que as forças de Kiev respeitarão “as regras fundamentais do direito internacional”, ou seja, distinguir entre civis e militares na hora de atacar um país inimigo. “Esse é o principal alicerce para o apoio da Noruega”, declarou Støre, cujo país doou 52,6 bilhões de coroas norueguesas (cerca de R$ 27,6 bilhões) à Ucrânia.

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O primeiro-ministro acrescentou que a declaração final não pretende encontrar soluções para os vários conflitos que assolam o mundo hoje, mas que as questões do Oriente Médio, da Ucrânia, do Sudão, de Mianmar, entre outras serão discutidas às margens da cúpula do G20. “Essas reuniões e discussões informais podem ser úteis. O G20 representa 80% da economia mundial, mas não é um fórum de tomada de decisões. É um fórum de moldagem de decisões”, explicou.

Sinal verde

No Brasil para as reuniões do G20, Joe Biden autorizou neste domingo 17, o primeiro uso de mísseis de longo alcance fornecidos pelos Estados Unidos à Ucrânia para ataques dentro da Rússia. As armas serão inicialmente empregadas contra tropas russas e norte-coreanas em defesa das forças ucranianas na região de Kursk, oeste da Rússia.

A decisão do presidente americano aponta para uma grande mudança na política dos Estados Unidos. A escolha, que dividiu seus conselheiros, ocorre dois meses antes do presidente eleito Donald J. Trump tomar posse — o republicano prometeu na campanha limitar o apoio adicional à Ucrânia. “Permitir que os ucranianos usem mísseis de longo alcance, conhecidos como Sistemas de Mísseis Táticos do Exército (ATACMS) é uma resposta à surpreendente decisão da Rússia de trazer tropas norte-coreanas para a luta”, afirmaram autoridades do governo americano.

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Biden começou a aliviar as restrições ao uso de armas fornecidas pelos Estados Unidos em solo russo depois que a Rússia lançou um ataque além da fronteira em maio, na direção de Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia.

Para ajudar os ucranianos a defender a região, Biden permitiu o uso do High Mobility Artillery Rocket System (HIMARS), que tem um alcance de 50 milhas (cerca de 80km), contra as forças russas do outro lado da fronteira. Na época, porém, o presidente americano não permitiu que os ucranianos usassem o ATACMS de longo alcance, que chegam a até 190 milhas (cerca de 305 km), recurso militar que agora será permitido.

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