Trump, Temer e outros líderes já estão em Buenos Aires para reunião do G20
Americano deve protagonizar um dos momentos mais esperados da cúpula em encontro com o chinês Xi Jinping; brasileiro tem importância reduzida
Os líderes mundiais que participarão nesta sexta-feira e sábado, 30 e 1º, da reunião de cúpula do G20 já estão em Buenos Aires, na Argentina. O encontro entre China e Estados Unidos, assim como os conflitos entre Rússia e Ucrânia e as muitas críticas recebidas pela Arábia Saudita nos últimos meses prometem inflamar o evento.
As sessões plenárias da cúpula começarão oficialmente às 12h30 do horário local (13h30 em Brasília), quando o presidente argentino Mauricio Macri deve anunciar a abertura das reuniões. Enquanto isso, contudo, os líderes já se reúnem em encontros bilaterais privados.
O presidente Michel Temer chegou na noite de quinta-feira, 29, a capital portenha e foi recebido pelo presidente provisório do Senado argentino, Federico Pinedo. Em sua última cúpula do G2O, o emedebista tem importância reduzida e terá encontros bilaterais somente com os primeiros-ministros de Singapura, Lee Hsien Loong, e da Austrália, Scott Morrison.
Donald Trump também pousou em Buenos Aires na noite de quinta. O americano deve protagonizar um dos momentos mais esperados do evento, com um jantar de trabalho ao lado do chinês Xi Jinping.
A reunião está marcada para a noite de sábado e espera-se que os dois líderes possam alcançar um acordo para frear a guerra comercial entre Estados Unidos e China. “Acredito que a China quer chegar a um acordo, e estou aberto, mas francamente, gosto do acordo que temos agora”, afirmou Trump antes de deixar a Casa Branca.
O americano já se reuniu com Macri na manhã desta sexta. Em uma breve coletiva antes do evento, Trump afirmou que tinha muito a conversar com seu colega, sobre “os velhos tempos, sobre comércio e questões militares”.
Um segundo encontro muito esperado para Trump, com o presidente russo Vladimir Putin, foi cancelado pelo americano na tarde de ontem. Segundo o líder, a forma agressiva como Moscou tratou três navios da Ucrânia que invadiram o Mar de Azov, próximo da Crimeia, no último final de semana desagradou os Estados Unidos.
Outros líderes com os quais Trump conversará em privado serão a chanceler alemã, Angela Merkel; os primeiros-ministros do Japão, Shinzo Abe, e da Índia, Narendra Modi; e os presidentes sul-coreano, Moon Jae-in, e turco, Recep Tayyip Erdogan.
A expectativa é que o americano participe ainda da assinatura do renovado acordo comercial entre Estados Unidos México e Canadá, conhecido como T-MEC.
Theresa May e Angela Merkel
A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, também chegou a Argentina na quinta-feira. Sua visita ganha especial relevância por ser a primeira vez que um premiê britânico pisa na cidade desde a guerra travada pelos dois países em 1982, pela soberania das ilhas Malvinas, que foi vencida pelos ingleses.
A única vez que um chefe de governo britânico tinha visitado a Argentina anteriormente foi em 2001, quando o então primeiro-ministro Tony Blair esteve em Puerto Iguazú, no norte do país.
Além de participar da reunião de presidentes do G20 – à qual estão convidados também altos representantes de organismos como a ONU e o Fundo Monetário Internacional -, May terá vários encontros bilaterais, entre eles com o presidente argentino, Mauricio Macri.
A premiê deve buscar apoio internacional ao seu questionado projeto de Brexit, após o acordo estabelecido com a União Europeia, antes que seja votado pela Câmara dos Comuns no dia 11 de dezembro. É esperado que May aborde também o caso do assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi e cobre Riad por mais explicações.
Já a chanceler alemã Angela Merkel teve problemas com seu voo e precisou adiar sua viagem para a manhã desta sexta.
O avião presidencial apelidado de “Konrad Adenauer” apresentou problemas técnicos quando sobrevoava a Holanda e precisou retornar à Colônia, na Alemanha. A chanceler já deixou seu país, mas deve perder o início da cúpula por conta do incidente.
Merkel, assim como o turco Recep Erdogan, participou de todas as reuniões do G20 desde a primeira, em 2008, em Washington. No poder desde novembro de 2005, ela já anunciou a decisão de não se candidatar às próximas eleições.
Conflitos
Apesar de ter visto seu encontro com Donald Trump ser cancelado nesta quinta, Vladimir Puitn também deve ter protagonismo na cúpula. Sempre com diversas frentes abertas no âmbito internacional, o presidente russo chega ao G20 em meio à crise com a Ucrânia e pode enfrentar muitas críticas.
Outro conflito latente que deve gerar atenção internacional é o da morte de Jamal Khashoggi. O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed Bin Salman, apontado pela CIA como mandante do assassinato, chega a Buenos Aires também como foco de críticas.
Sua reunião com o turco Recep Erdogan ainda não está confirmada, mas os dois líderes sinalizaram que poderia acontecer. Erdogan critica a falta de colaboração das autoridades sauditas no esclarecimento do assassinato.
Riad também está no centro do conflito no Iêmen. Os três anos e meio de lutas entre os rebeldes houtis, apoiados pelo Irã, e as forças do governo, escudadas pela coalizão liderada pela Arábia Saudita, destruíram a economia do real país e causaram aumento da inflação e desvalorização da moeda local.
A comunidade internacional tem pressionado o governo saudita para desescalar a violência no país. Nos Estados Unidos, o Senado discute o fim do apoio americano à coalizão saudita, que também inclui países como Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Qatar e Bahrain.
(Com EFE)