O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reconheceu oficialmente nesta segunda-feira, 25, a soberania de Israel sobre as Colinas de Golã, área fronteiriça tomada da Síria em 1967. O líder americano assinou um documento reforçando sua posição durante a visita do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, à Casa Branca.
“Isso estava sendo preparado há muito tempo”, afirmou Trump.
O reconhecimento por parte dos Estados Unidos do controle de Israel sobre esse território rompe décadas de consenso internacional. Para Netanyahu, trata-se de uma decisão “histórica”, alcançada a apenas 15 dias da eleição parlamentar que ameaça sua continuidade no poder.
Em maio de 2018, Trump dera outra demonstração inusitada de apoio a Netanyahu ao transferir a embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém. A medida significou o reconhecimento formal dos Estados Unidos da soberania israelense sobre a cidade sagrada, cuja parte oriental tem seu domínio requisitado pelos palestinos.
Segundo o primeiro-ministro, Colinas de Golã vão permanecer sob controle israelense. “Nunca renunciaremos a elas”, frisou. “Sua proclamação vem no momento em que Golã é mais importante do que nunca para nossa segurança”, agradeceu ele a Trump.
Síria e Rússia reagiram. Enquanto Damasco acusou os Estados Unidos de atacarem sua soberania, Moscou disse temer “uma nova onda de tensões” no Oriente Médio.
Com este gesto, os Estados Unidos se tornaram o primeiro país a reconhecer a soberania de Israel sobre uma área que tomou da Síria na Guerra dos Seis Dias (1967) e anexou em 1981. A decisão contraria o entendimento defendido pela Organização das Nações Unidas (ONU), que na sua resolução 242 de 1967 lembrou à Israel “a inadmissibilidade da aquisição de território por meio da guerra”.
Já a resolução 497, de 1981, considera “nula, inválida e sem efeito internacional legal a decisão israelense de impor suas leis, jurisdição e governo nas Colinas de Golã ocupadas”.
Durante visita a Jerusalém na sexta-feira 22, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, disse que é “possível” Trump ser um “enviado de Deus para salvar Israel das ameaças do Irã“.
Direito de defesa
No mesmo pronunciamento na Casa Branca, o presidente Trump disse também que os Estados Unidos “reconhecem o direito absoluto de Israel de se defender”.
Trump classificou como um “ataque desprezível” o lançamento de um foguete da Faixa de Gaza. O ataque deixou sete pessoas feridas perto de Tel Aviv, no domingo à noite. Em resposta, o Exército israelense lançou ataques na Faixa de Gaza.
De acordo com o premiê Netanyahu, os ataques militares contra alvos do Hamas na Faixa de Gaza são uma represália contra a “agressão sem sentido”.
“Enquanto falamos, Israel está respondendo energicamente a esta agressão sem sentido”, disse Netanyahu durante a visita a Trump, referindo-se ao ataque com foguetes atribuído ao Hamas.
“Israel não vai tolerar isso. Não vou tolerar”, disse Netanyahu, que decidiu retornar antes de sua viagem aos Estados Unidos após o ataque.
O presidente Jair Bolsonaro tem visita a Israel marcada para a próxima semana. A previsão é que o presidente brasileiro chegue ao país no domingo 31 e fique até quarta-feira, 3 de abril.
(Com AFP)