Trump promete deportação de “milhões” de imigrantes na próxima semana
Na véspera de lançar campanha eleitoral, republicano promete que estrangeiros sairão dos EUA "tão rápido quanto entraram"
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prometeu na noite de segunda-feira 17 que a Agência de Imigração e Alfândega (ICE) americana começará a deportar “milhões de estrangeiros ilegais” já na próxima semana. As declarações agressivas do líder americano foram feitas na véspera do lançamento oficial de sua campanha de reeleição, nesta terça-feira, 19, em Orlando.
“Na próxima semana, a ICE começará o processo de remoção dos milhões de imigrantes ilegais que entraram ilicitamente nos Estados Unidos. Eles serão removidos tão rápido quanto entraram”, escreveu o presidente em sua conta no Twitter, sem entrar em detalhes sobre a operação.
O republicano ainda elogiou as “leis rígidas de imigração” do México, ameaçado por ele com a adoção de tarifas de importação, por “parar as pessoas antes mesmo que elas alcancem a fronteira sul.”
“A Guatemala está se preparando para assinar um Acordo de Terceiro País. Os únicos que não fazem nada (sobre a questão migratória) são os democratas no Congresso”, continuou o americano.
“Eles (os democratas) devem votar para eliminar as brechas e resolver o asilo. Caso façam isso, a crise de fronteira acabará rapidamente”, concluiu Trump, criticando a oposição por não apoiar seus projetos para os migrantes, como a redução de ajuda humanitária e a construção de um muro nos limites com o México.
O Acordo de Terceiro País a que o republicano se refere — ou Safe-Third Agreement, em inglês — tem sido um ponto de conflito nas negociações entre o México e o governo Trump. Segundo o documento, potenciais refugiados seriam obrigados a pedir asilo no primeiro país estrangeiro em que chegassem e não onde realmente pretendiam permanecer.
Se o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, concordasse com a proposta, os migrantes centro-americanos não poderiam mais atravessar a fronteira entre os Estados Unidos e o México para se entregarem às autoridades americanas. Teriam de permanecer em território mexicano durante todo o processo de avaliação do pedido de refúgio.
O México se recusou a assinar o acordo, apesar das ameaças americanas de impor tarifas em suas exportações. Mas, no último dia 7, López Obrador evitou o “tarifaço” ao aceitar cooperar com as políticas migratórias dos Estados Unidos, incluindo a deportação de migrantes com processos de asilo na Justiça americana e o reforço na segurança fronteiriça.
Os Estados Unidos têm apenas um Acordo de Terceiro País, com o Canadá, assinado em 2004. Apesar dos esforços, cerca de 12 milhões de imigrantes ilegais continuam em território americano, a maioria do México e da América Central.
Na última semana, o vice-presidente, Mike Pence, já havia sugerido que a Guatemala recebesse refugiados de seus vizinhos como um “terceiro país seguro”. As autoridades guatemaltecas não confirmaram as informações, mas o Departamento de Estado americano afirmou que novas reuniões sobre a ideia acontecerão na sexta-feira, 21.
A organização não governamental Human Rights First se mostrou contra a afirmação “simplesmente ridícula” de que a Guatemala seria capaz de proteger os refugiados enquanto seus próprios cidadãos estão fugindo da violência local.
O governo mexicano concordou em discutir um possível Acordo de Terceiro País com os Estados Unidos caso as atuais medidas para parar o fluxo de migrantes se mostrem ineficazes.
(Com Reuters)