O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dissolveu nesta quarta-feira dois de seus conselhos consultivos empresariais. Executivos de diferentes companhias haviam desistido de integrá-los em protesto aos comentários do mandatário sobre a manifestação de supremacistas brancos neste fim de semana.
Trump anunciou o fim dos conselhos depois que Inge Thulin, da 3M, se tornou o mais recente executivo a deixar o Conselho Americano de Manufatura. “Em vez de pressionar os empresários do Conselho de Manufatura e do Fórum de Estratégia e Política, estou cancelando os dois. Obrigada a todos”, publicou o presidente em sua conta no Twitter.
Além de Thulin, Ginni Rometty, da IBM, Laurence D. Fink, da multinacional de gestão de investimentos BlackRock e outros CEOs de grandes empresas também renunciaram após as declarações de Trump. Na terça, o presidente americano voltou a culpar “os dois lados” pela violência em Charlottesville.
Segundo o New York Times, a grande debandada começou quando, na manhã desta quarta-feira, Stephen A. Schwarzman, executivo chefe do Blackstone Group e um dos principais conselheiros de Trump na comunidade empresarial, organizou uma conferência com todos os membros do Fórum de Estratégia e Política da Casa Branca. Durante a reunião, os CEOs decidiram conjuntamente abandonar o conselho.
“Intolerância, racismo e violência não tem lugar neste país e são uma afronta aos valores americanos”, dizia um comunicado divulgado pelo conselho.
Na manhã de terça-feira, alguns empresários já haviam anunciado sua renúncia ao Conselho de Manufatura após os incidentes do fim de semana. O executivo-chefe da Intel, Brian Krzanich, foi o primeiro e motivou a mesma atitude entre os executivos-chefes da empresa farmacêutica Merck, Kenneth Frazier, e da empresa de produtos esportivos Under Armour, Kevin Plank.
Reação
A debandada dos conselhos marca um revés para o governo de Donald Trump, que apoiou grande parte de sua campanha na amizade com o mundo empresarial. Executivos de grandes companhias americanas já haviam expressado seu descontentamento com algumas das declarações e ações do mandatário nos últimos meses. As recentes desistências somente confirmam sua reprovação.
Além dos empresários, diversos políticos de destaque do Partido Republicano criticaram o presidente por seus comentários. O líder republicano no Senado, Mitch McConnell, o governador de Ohio, John Kasich, o senador Lindsey Graham, e os ex-presidentes dos EUA George H.W. Bush e George W. Bush, entre outros, estão entre os que reprovaram a posição do líder americano, acirrando ainda mais as divisões dentro do partido, que controla as duas Casas do Congresso, além da Casa Branca.