O ex-presidente americano Donald Trump anunciou na noite de quarta-feira, 20, um acordo para lançar sua própria rede social, junto a uma companhia de mídia, chamada Truth Social. Segundo o republicano, o projeto irá “enfrentar as Big Techs”, após o Twitter e o Facebook banirem as contas do ex-mandatário depois da violenta invasão de seus apoiadores ao Capitólio, em Washington.
A principal parceira do projeto é a empresa Digital World Acquisition, que tem como diretor financeiro Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP), deputado federal e aliado do presidente Jair Bolsonaro. Antes de entrar na política, ele já havia trabalhado no mercado financeiro, incluindo o banco de investimento JPMorgan.
A empresa, de aquisição de propósito específico criada em Miami um mês depois de Trump perder a eleição de 2020, é do tipo popularmente conhecida como “cheque em branco”, que serve para levantar capital por meio de uma oferta pública inicial com o objetivo de comprar outras empresas.
No ano passado, a Digital World entrou com um pedido de oferta pública e vendeu suas primeiras ações no mês passado, levantando cerca de 238 milhões de dólares , com outros 11 milhões arrecadados com a venda de ações para investidores por meio de ofertas privadas. Após o anúncio, as ações da Digital dispararam 140%, sendo cotadas a 25,53 dólares na bolsa Nasdaq.
O acordo irá listar a Trump Media & Technology Group na Nasqad através de uma fusão com a Digital World Acquisition. O grupo receberia 293 milhões de dólares. O acordo das empresas ainda precisa ser aprovado pelas autoridades regulatórias.
Em um comunicado, Trump disse que a ideia é criar “um rival para o consórcio da imprensa de esquerda e lutar contra as companhias Big Tech do Vale do Silício, que usam seu poder unilateral para silenciar vozes opositoras nos Estados Unidos”.
“Vivemos em um mundo onde o Talibã tem uma grande presença no Twitter; Ainda assim, seu presidente americano favorito foi silenciado. Isso é inaceitável”, escreveu no comunicado.
A ideia é que a rede social seja lançada em versão beta no próximo mês, com versão consolidada já no primeiro trimestre de 2022, na primeira de três etapas dos planos da companhia.
Em sequência, viria um serviço de vídeos on demand, por assinatura, que teria entretenimento, notícias e podcasts. Em seu website, a empresa planeja também eventualmente competir com serviços de nuvem como o Google Cloud e o AWS, da Amazon.
Ausente das redes sociais, seu principal palanque, o projeto marca uma tentativa de Trump de reinserção no ambiente virtual. O Twitter considerou que o ex-presidente americano, que tinha quase 90 milhões de seguidores, incitou o protesto violento. O político também foi suspenso do Facebook e do YouTube por preocupações semelhantes A rede criada por Mark Zuckerberg informou que revisará a suspensão, mas apenas em 2023.
Em um levantamento do jornal The Washington Post, as menções ao republicano caíram 95% entre janeiro e o início deste ano no Facebook e Twitter.