O Centro Nacional de Previsão Ambiental dos Estados Unidos anunciou nesta quarta-feira, 5, que o planeta Terra alcançou uma nova marca de calor, registrando 17,18°C na terça-feira 4. No dia anterior, segunda-feira 3, a temperatura média mundial já havia quebrado o recorde anterior, de 2016, ao atingir 17,01°C.
Os cientistas apontam que os índices históricos são consequência da mudança climática, provocada pela intervenção humana, e retorno do El Niño, fenômeno que aquece as águas do Oceano Pacífico e ocorre de dois a sete anos.
As médias de calor têm enfrentado um longo processo de alteração, de acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas. O órgão revelou que a temperatura superficial da Terra aumentou 1,1°C em comparação com o período de 1850 a 1950.
Confirmando os resultados das Nações Unidas, o serviço de observação europeu Copernicus alertou que o início de junho foi o mais quente registrado até o momento.
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Sem previsão de brisas frescas, o verão no Hemisfério Norte teve início no último mês e perdura até o final de agosto, abrindo espaço para a especulação de que outros recordes podem ser quebrados. O sul dos Estados Unidos está sendo, inclusive, diretamente afetado por uma “redoma de calor”, quando a atmosfera retém o ar quente e abafa a região. Os estados do Texas, Novo México, Louisiana, Arkansas, Kansas e Missouri são os mais afetados.
Especialmente no Texas, a situação preocupa autoridades locais. A umidade elevou a sensação térmica a níveis impressionantes nas cidades de Corpus Christ (51°C), Rio Grande Village (47°C) e Del Rio (46°C).
Também localizados no Hemisfério Norte, países da Europa, Oceania e Ásia têm encarado dias tórridos. Em junho, a Índia foi alvo de uma intensa onda de calor, responsável pela morte de mais de 100 pessoas. No mês anterior, a cidade chinesa de Xangai atingiu 36,1°C, maior pico de temperatura em mais de 100 anos. A Espanha registrou o mês de abril mais quente e seco da sua história.
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A pior temporada de incêndios no Canadá também dá dimensão para a gravidade da situação. Mais de 2 milhões de hectares (ou 2 milhões de campos de futebol) foram devastados, superando em 10 vezes a média de queimadas previstas para 2023. Como resultado, a fumaça chegou nas metrópoles americanas de Nova York, Chicago e Washington.
Ainda em abril deste ano, as Nações Unidas lançaram um guia de sobrevivência para mudanças climáticas e intensificaram os alertas de que a temperatura global estava prestes a atingir um “ponto de não retorno”. Para especialistas, a adesão à energia e tecnologia limpas podem ser um caminho evitar um futuro cataclisma. A entidade demonstrou, ainda, preocupação com a falta de compromisso das nações com o Acordo de Paris, acordo climático assinado em 2015.