A região de Nagorno-Karabakh, de maioria étnica armênia, aceitou um acordo de cessar-fogo, mediado pela Rússia, nesta quarta-feira, 20, um dia depois que o exército do Azerbaijão bombardeou e invadiu o território. Uma das principais exigências dos invasores, aceitas pelas forças locais, foi a proposta de um desarmamento completo.
A região, que fica no sul do Cáucaso, está no centro de um longo conflito entre a Armênia e o Azerbaijão. Os dois países já travaram duas guerras por este enclave, de maioria armênia mas reconhecido como parte do Azerbaijão.
Segundo autoridades de Karabakh, pelo menos 32 pessoas foram mortas, incluindo sete civis, e outras 200 ficaram feridas durante os bombardeios contra a capital regional. O Azerbaijão caracterizou a investiga como uma operação “antiterrorista”.
Mesmo após o cessar-fogo entrar em vigor, fortes explosões ainda ecoavam pela capital regional, segundo agências de notícias internacionais, e novos confrontos foram relatados por ambos os lados – embora em menor escala. Horas depois de implementada a pausa nos conflitos, um comboio com soldados russos da força de paz de Moscou na região foi atacado por desconhecidos, segundo o Ministério das Relações Exteriores, e há um número incerto de mortos.
Os líderes do enclave afirmaram em um comunicado que, através da mediação executada pelas forças de manutenção da paz da Rússia, haverá um encontro entre as partes. A presidência do Azerbaijão indicou que as autoridades vão se encontrar para conversas sobre “questões de reintegração” na cidade de Yevlakh, que fica a cerca de 100 km ao norte da capital regional de Karabakh.
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O primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan, deixou claro que o seu governo não se envolveu no texto do cessar-fogo, insistindo que as forças de manutenção da paz russas têm total responsabilidade pela segurança da população local. Anteriormente, a Armênia também acusou o Azerbaijão de tentar fazer uma “limpeza étnica” em Karabakh.
Seguindo os termos da trégua, as forças locais se comprometeram em serem completamente desarmadas e dissolvidas. Há também uma promessa sobre a retirada das forças armênias da região, embora o país negue ter qualquer presença militar no local.
Reconhecida internacionalmente como parte do Azerbaijão, a região de Karabakh abriga 120 mil pessoas de etnia armênia. Nos últimos nove meses, o Azerbaijão fez um bloqueio da única estrada da Armênia para Karabakh, conhecida como Corredor Lachin, levando a escassez de alimentos, medicamentos e produtos de higiene pessoal.
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Cerca de 2 mil forças de manutenção da paz russas deveriam monitorizar o cessar-fogo, mas o interesse de Moscou na Armênia diminuiu devido à guerra na Ucrânia. Além disso, a Rússia desaprova com a aparente inclinação do premiê Pashinyan em direção ao Ocidente. Recentemente, o governo armênio organizou exercícios militares conjuntos com os Estados Unidos.
Após receber críticas da Armênia, a Rússia negou que não tenha feito o suficiente para ajudar sua antiga aliada. Acrescentou, porém, que não poderia agir contra o Azerbaijão na região.
“Se a própria Armênia reconhece que Karabakh faz parte do Azerbaijão, o que podemos fazer?”, afirmou o presidente russo, Vladimir Putin.