O ministro das Relações Exteriores do Afeganistão indicado pelo Talibã, Amir Khan Muttaki, reconheceu nesta quarta-feira, 7, que o governo do país segue isolado do resto do mundo pouco mais de um ano após a tomada do poder. Ainda assim, acrescentou que é plenamente capaz de conduzir as negociações com o comércio internacional como se fosse “oficialmente aceito pelo resto do mundo”.
As observações de Muttaki destacaram a luta pelo reconhecimento enfrentada pelos fundamentalistas desde que chegaram ao poder, em agosto de 2021.
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Desde então, eles tentam fazer a transição da insurgência para o governo em meio a uma crise econômica que levou milhões de afegãos à fome e à pobreza. A comunidade internacional, receosa com o regime severo imposto pelo Talibã quando eles estiveram no poder há 20 anos, não reconheceu de maneira oficial o governo do país e congelou os ativos do Afeganistão no exterior.
A maioria das delegações estrangeiras que visitam o país fornece ajuda humanitária para a população local, mas o fluxo não é suficiente para mudar o cenário.
“É verdade que nenhum país fez um anúncio de reconhecimento oficial do novo governo do Afeganistão”, disse Muttaki a repórteres, insistindo, no entanto, que “qualquer interação” que esteja ocorrendo entre o Talibã e outros países é “oficial”.
A comunidade internacional exigiu que o Talibã defenda os direitos das mulheres, permita que as meninas frequentem a escola além da sexta série e revogue a proibição do pleno acesso das mulheres à sociedade e o direito de trabalhar em todos os campos. Há também outras demandas, como direitos para minorias étnicas e o estabelecimento de um governo inclusivo.
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Apesar das promessas dos fundamentalistas, nenhuma das exigências foram cumpridas até o momento e, passado um ano da tomada do governo, as adolescentes ainda são impedidas de ir à escola e as mulheres são obrigadas a se cobrir da cabeça aos pés em público, apenas com os olhos à mostra.
Muttaki, no entanto, destacou sua própria participação em várias conferências regionais, inclusive no Paquistão, Rússia, Turquia, Catar e China, afirmando que “muitas delegações de outros países visitaram o Afeganistão”.
“Apesar do não reconhecimento, todas essas viagens aconteceram de maneira oficial”, completou.