Taiwan estende serviço militar obrigatório e cita ameaça da China
Na segunda-feira, 71 aeronaves militares chinesas, incluindo caças e drones, protagonizaram a maior incursão aérea já relatada na zona de defesa da ilha
Taiwan irá estender o serviço militar obrigatório de quatro meses para um ano a partir de 2024 por conta do aumento de ameaças da China à ilha, anunciou a presidente Tsai Ing-wen nesta terça-feira, 27.
A ação acontece em meio ao aumento de tensões na região e intensa pressão militar, diplomática e econômica da China sobre Taiwan por reivindicações de soberania. Na segunda-feira, 71 aeronaves militares chinesas, incluindo caças e drones, entraram na zona de identificação da defesa aérea de Taiwan em 24 horas, na maior incursão aérea já relatada.
“Enquanto Taiwan for forte o suficiente, será lar da democracia e liberdade de todo o mundo, e não se tornará um campo de batalha”, disse Tsai durante o anúncio do serviço militar, que descreveu como “incrivelmente difícil”.]
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O sistema militar em vigor na ilha inclui treinamento de reservistas, mas, segundo Tsai, é insuficiente para lidar com a ameaça chinesa, especialmente se houver um rápido ataque.
Com a mudança, quem participar do serviço militar terá treinamentos mais intensos, incluindo instruções de combate usadas por forças dos Estados Unidos, e treinamentos para uso de armas mais poderosas, como mísseis.
A elevação de tensões mais recente, que gerou a incursão aérea histórica, é vista como uma provocação militar contra uma nova medida da Defesa dos EUA que impulsiona assistência militar a Taipé. O instrumento orçamentário, aprovado no Senado na semana passada, prevê 10 bilhões de dólares nos próximos cinco anos em fornecimento militar.
Segundo Pequim, a movimentação militar foi parte de “exercícios de ataque” no mar e no espaço aéreo no domingo, em resposta ao que disse ser uma provocação do governo da ilha e dos Estados Unidos. Em resposta, Taiwan, que rejeita veementemente as reivindicações de soberania da China, afirmou que os exercícios mostram que Pequim tem objetivo de destruir a paz regional e tentar intimidar o povo taiwanês.
Em meados de outubro, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse que o governo da China está seguindo seus planos de anexar Taiwan em um “cronograma muito mais rápido” sob o comando de Xi Jinping. Em suposta resposta a uma visita da presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, a Taipei, o exército chinês realizou grandes exercícios militares ao redor da ilha principal de Taiwan em agosto e, desde então, aumentou significativamente as travessias militares sobre a linha mediana.
Embora Pequim tenha deixado claro que pretende tomar Taiwan, o cronograma para esse cenário varia muito. Figuras militares de alto escalão dos Estados Unidos e de Taiwan alertaram que isso pode ocorrer dentro de alguns anos, enquanto analistas apontam para o objetivo de Xi de rejuvenescimento nacional até 2049 – o centenário da República Popular da China – como um prazo potencial.
Localizada a menos de 177 quilômetros da costa da China, a ilha é o lar de 23 milhões de pessoas. Apesar de ser governada separadamente de Pequim mais de 70 anos, o Partido Comunista da China reivindica o poder sobre a ilha.
No vigésimo congresso do Partido Comunista, em outubro, o líder chinês, Xi Jinping, condenou o crescente apoio dos Estados Unidos a Taiwan, culpando a “interferência estrangeira” por exacerbar as tensões. Um mês depois, afirmou que o país vive um momento de “instabilidade e incerteza” e pediu que o Exército se prepare para a guerra.