Taiwan dispara tiros de alerta contra drone chinês
Ação de advertência ocorre após presidente taiwanesa anunciar 'fortes medidas' contra as investidas chinesas no território insular
As forças armadas de Taiwan dispararam tiros de advertência contra um drone chinês que sobrevoava uma ilhota vizinha nesta terça-feira, 30. O incidente ocorreu horas depois que da presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, anunciar “fortes contramedidas” contra o que ela chamou de provocações da China.
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Os disparos foram realizados pelo comando de Defesa das ilhas Kinmen, controladas pelo governo de Taiwan quando o drone de Pequim se aproximou de Erdan, uma ilhota vizinha. O arquipélago se localiza a menos de cinco da China e a 200 quilômetros de Taiwan.
Segundo um porta-voz da instituição militar, sinalizadores foram utilizados antes dos tiros e o veículo aéreo voltou para o continente após o incidente.
O episódio marca a primeira ação mais contundente da nação insular em meio a um período de tensão crescente com a China, provocada pelas reivindicações de soberania de Pequim sobre Taiwan, que se considera território autônomo.
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Reclamações sobre as incursões dos drones chineses nos arredores da ilha já aviam sido emitas por Taipei desde o início do mês. Na segunda-feira 29, o Ministério das Relações Exteriores chinês rejeitou as reclamações de Taiwan sobre os drones como nada “para fazer barulho”.
Imagens de pelo menos duas missões de drones mostrando soldados taiwaneses em seus postos e, em um caso, jogando pedras em um drone, circularam amplamente nas mídias sociais chinesas.
A China iniciou exercícios militares em territórios próximos a Taiwan após a ilha ser visitada pela presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, este mês.
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Nesta terça-feira, antes dos disparos em Kinmen, a presidente presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen criticou a China por seus drones e outras atividades de guerra em sua vizinhança.
“Quero dizer a todos que quanto mais o inimigo provocar, mais calmos devemos ficar”, disse Tsai em uma visita às forças armada de Penghu, ilha que fica no estreito de Taiwan. “Não provocaremos disputas e exerceremos autocontrole, mas isso não significa que não iremos contra-atacar.”
Na ocasião, a autoridade ordenou que o Ministério da Defesa tomasse “contramedidas necessárias e fortes” para defender seu espaço aéreo, sem dar mais detalhes.
Segundo informações do jornal britânico The Guardian, oficiais alegaram que navios de guerra e caças baseados em Penghu estão saindo armados com munição real desde que a China iniciou seus exercícios este mês, embora não tenham aberto fogo.
Em uma publicação no Facebook , a chefe de Estado taiwanesa disse que os navios de ambos os lados chegaram a cerca de 500 metros um do outro e que a marinha da nação estava “monitoraram rigorosamente” seus pares chineses.
As forças armadas de Taiwan estão bem equipadas, mas são ofuscadas pelas da China. Tsai tem supervisionado um programa de modernização e fez do aumento dos gastos com defesa uma prioridade.
Questionado sobre os drones chineses, o ministro da Defesa de Taiwan, Chiu Kuo-cheng, disse que não poderia dar detalhes sobre o que eles fariam para combater as incursões, mas disse que os militares reagiriam com base no princípio de “autodefesa”.
“Não reclame quando eu soltar fogos de artifício para espantar alguns pardais”, disse ele a repórteres em Taipei em um aviso velado à China.