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Tailândia: epidemia de drogas entre monges deixa templos budistas vazios

Todos os monges de um mosteiro em Phetchabun estavam usando metanfetamina, acusou teste; País enfrenta uma série de escândalos semelhantes

Por Vitória Barreto
Atualizado em 1 dez 2022, 17h06 - Publicado em 1 dez 2022, 17h01

Após autoridades locais aplicarem um teste de drogas em um mosteiro no norte da Tailândia, revelou-se, na quarta-feira 30, que todos os monges do templo estavam usando metanfetamina. A descoberta ocorreu após uma ação para investigar o consumo de substâncias ilícitas na província de Phetchabun, que também vasculhou escolas, fábricas e outros templos em busca de viciados e traficantes.

Neste primeiro templo, todos os quatro monges tiveram resultados positivos no teste para uso de metanfetamina. Até o chefe do mosteiro, que serviu como monge por 10 anos, estava entre os usuários.  Em outro templo menor, dois monges também foram pegos. Depois dos testes, os monges confessaram o uso de drogas e alguns admitiram ser viciados de longa data.

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Os monges são figuras reverenciadas na cultura tailandesa. No sistema de metrô de Bangkok, os assentos para grávidas e idosos também são reservados para eles. Nas áreas rurais fora da capital, os monges são conselheiros de confiança e servem de modelo para a comunidade.

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Segundo autoridades locais, a investigação começou devido a comentários de alguns aldeões que perceberam uma mudança no comportamento dos monges. Depois das batidas, os usuários de drogas da comunidade – incluindo os ex-monges – foram internados em um centro de reabilitação na quarta-feira 30. 

O templo vazio preocupa os fiéis locais, porque impede o importante ritual de “criação de mérito”, ou a prática de doar comida aos monges. Mas a ausência deve ser temporária: substitutos devem ser enviados aos templos nos próximos dias, disseram as autoridades locais.

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O escândalo na província de Phetchabun ocorre em meio à implementação de políticas nacionais de repressão às drogas, devido a um assassinato em massa em uma creche, em outubro, que deixou 38 mortos, a maioria crianças. O suspeito, um ex-policial, foi demitido da força por porte de metanfetamina.

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Não é a primeira vez, no entanto, que monges se comportam de maneira controversa. Em março, Luang Pu Tuanchai, um monge que ganhou fama em 2020 por alegar ter poderes oniscientes, foi acusado de dirigir bêbado e portar de drogas. No início de janeiro, outro monge foi pego consumindo pílulas de metanfetamina e vendendo-as para jovens.

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Nos últimos dois anos, houve um grande aumento no volume de metanfetamina no país. A fonte notória para o comércio de drogas sintéticas é o Triângulo Dourado, onde as fronteiras da Tailândia, Laos e Mianmar se encontram. Mesmo após o golpe militar de Mianmar, em fevereiro de 2021, quantidades recordes de metanfetamina em cristal e pílulas de metanfetamina, também conhecidas como “yaba”, continuaram a escoar pelo Triângulo. 

A produção e o tráfico de substâncias sintéticas ilegais atingiram níveis recordes em 2021. Naquele ano, autoridades apreenderam quase 172 toneladas de metanfetamina e mais de 1 bilhão de comprimidos de yaba. 

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