‘Substância suspeita’ enviada para Parada do Orgulho Hétero era glitter
Organizadores do evento nos EUA se descrevem como parte de uma "maioria oprimida" e "vítimas" de ataque com pó brilhante
Organizadores da Parada do Orgulho Hétero de Boston, nos Estados Unidos, informaram que “envelopes suspeitos” enviados para suas casas tinham como conteúdo inofensivos potes de glitter. Os pacotes, preenchidos com uma “substância granulada”, foram endereçados a três integrantes da organização Super Happy Fun America.
A entidade é conhecida por organizar eventos com o lema “é ótimo ser heterossexual”, que frequentemente acabavam em atos de violência e homenagens a figuras de extrema-direita. Um dos destinatários, Mark Sahady, lidera o grupo americano Resist Marxism (Resista ao Marxismo), descrito pelo portal The Daily Beast como uma “nova frente de extrema-direita.”
Em 2018, o site Think Progress, parte de um projeto do Centro para o Fundo de Ação do Progresso Americano, denunciou ligações do Resist Marxism com grupos de defesa da supremacia branca. Também relatou declarações antissemitas de seus integrantes em conversas virtuais.
O remetente dos pacotes de glitter ainda é desconhecido. Os envelopes foram enviados sem endereço para retorno, e as autoridades policiais chamadas às residências confirmaram que o conteúdo era inteiramente composto pelo pó brilhante, contou Sahady, em entrevista à CNN.
Conservadores anti-LGBT como o senador republicano Mitt Romney, de Utah, e a ex-deputada de Minnesota Michele Bachmann já foram “bombardeados” com glitter nos últimos anos, atitude que se popularizou como uma forma de protesto entre ativistas pelos direitos de homossexuais e transgêneros.
O tesoureiro da Super Happy Fun America, Samson Racioppi, foi outro dos receptores do pacote de glitter. Ele lamentou que a encomenda tenha gerado uma “grande cena” depois de sua ligação para o número de emergência da polícia de Boston.
Em entrevista ao site Talking Points Memo, o americano reclamou da “grande inconveniência” dos envelopes e afirmou não saber que eles continham glitter até ler sobre a revelação na imprensa.
“Meus vizinhos devem estar bastante irritados comigo”, disse Racioppi, descrevendo a si mesmo e a seus colegas como “vítimas” e dizendo estar indignado com a “violência” recebida. “Não desejaria isso a ninguém.”