Sob guerra, Ucrânia troca Natal de janeiro para dezembro pela primeira vez
Alteração marca distanciamento cultural entre ucranianos e russos, que tradicionalmente celebraram a data em janeiro
![KYIV, UKRAINE - NOVEMBER 06: Worshippers pray and light candles in St. Volodymyr's Cathedral, the Ukrainian Orthodox Church of the Kyiv Patriarchate, on Sunday November 06, 2022 in Kyiv, Ukraine. Electricity and heating outages across Ukraine caused by missile and drone strikes to energy infrastructure have added urgency preparations for winter. (Photo by Ed Ram/Getty Images)](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2022/11/Natal-ucrania.jpg?quality=90&strip=info&w=1280&h=720&crop=1)
A Igreja Ortodoxa da Ucrânia anunciou que as paróquias vão poder celebrar o Natal em 25 de dezembro, alterando a data que é tradicionalmente observada, em 7 de janeiro, simultaneamente à Rússia. A decisão afeta cerca de 7.000 igrejas em todo o país e marca um afastamento cultural entre Kiev e Moscou após a guerra, e uma aproximação em relação ao Ocidente.
Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, o porta-voz da igreja, o arcebispo Yevstratiy Zoria, disse que a instituição iria consultar os fiéis sobre o comparecimento aos cultos no dia 25, que este ano cai em um domingo.
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“Não queremos forçar ninguém. Entendemos que isso não resolve nada”, disse o sacerdote, estimando que há um longo processo até a medida ser aplicada formalmente.
Em uma reunião de seu sínodo em outubro, e atendendo a pedidos, a sede da congregação cristã em Kiev anunciou que as paróquias poderiam realizar um serviço religioso completo em dezembro, se assim o desejassem.
A questão de quando celebrar o Natal tem sido uma questão de longos debates na Ucrânia. Durante séculos, os ucranianos celebraram o Natal em 7 de janeiro, data em que Jesus nasceu, de acordo com o calendário juliano.
Contudo, antes do início da guerra, um terço dos paroquianos queria aproximar os festejos do Natal ocidental, disse o arcebispo, que reconheceu que o apoio à alteração da data cresceu após a invasão russa.
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A intenção das dioceses ucranianas é se distanciar da Igreja Ortodoxa Russa, cujo chefe, o patriarca Kirill, é um proeminente apoiador do presidente Vladimir Putin. Além de abençoar o conflito, o religioso afirmou que os soldados russos mortos serão purificados de todos os seus pecados.
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A mudança para 25 de dezembro é parte de um processo nacional maior de desmantelamento dos símbolos da Rússia, da União Soviética e do comunismo, que decolou em 2014 quando Putin anexou a península ucraniana da Crimeia e deu início a uma revolta pró-Moscou na região Donbas, no leste ucraniano.
Desde então, o Ministério da Cultura da Ucrânia nomeou um conselho de especialistas para decidir sobre a remoção de monumentos e ruas com nomes de figuras culturais russas, incluindo Pushkin e Tolstoy.
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“Nós não chamamos isso de desrussificação. Trata-se de lidar com as consequências do totalitarismo russo”, disse o ministro da Cultura, Oleksandr Tkachenko, na semana passada. Tkachenko afirmou que alguns monumentos poderiam ser transferidos para parques e museus.