A Síria disse nesta sexta-feira que o ataque de mísseis dos Estados Unidos contra uma base aérea em Homs foi “imprudente” e irresponsável” e que o governo americano foi “inocentemente convencido por uma campanha falsa de propaganda”. A declaração da Presidência emitida em um comunicado faz referência a acusações de que o governo sírio seria responsável pelo ataque de armas químicas desta semana, mais um capítulo sangrento na guerra na Síria, que entrou em seu sétimo ano.
Segundo Damasco, a ofensiva dos Estados Unidos aumentou também a determinação da Síria para derrotar grupos insurgentes, que se comprometeu a aumentar as ações contra os rebeldes. “Essa agressão intensificou a determinação da Síria para atingir esses agentes terroristas, para continuar a derrotá-los, e acelerar a velocidade de ações com esse objetivo onde quer que eles estejam”, dizia o comunicado.
O ataque na madrugada desta sexta foi a primeira ação militar do governo Donald Trump. As forças americanas bombardearam com 59 mísseis Tomahawk uma base aérea em Homs. A ofensiva foi lançada a partir de navios de guerra mobilizados no Mediterrâneo.
Segundo a agência de notícias oficial do governo sírio Sana, pelo menos nove civis, entre eles quatro crianças, morreram no ataque. As vítimas civis estavam nos povoados de Al Hamrat, Al Shayrat e Al Manzul, situados nos arredores da base área de Shayrat.
Congresso americano
A decisão de lançar uma ofensiva militar na Síria contra o regime de Bashar Assad foi aplaudida por grande parte dos membros do Congresso americano. Republicanos e democratas aprovaram a ação do presidente Trump, mas pediram que em próximas decisões militares o Congresso seja consultado.
“Garantir que Assad saiba que quando comete atrocidades tão desprezíveis ele pagará um preço é a coisa certa a fazer”, disse o líder da minoria do Senado, o democrata Chuck Schumer. “Esta ação foi apropriada e justa”, disse o presidente da Câmara, Paul Ryan.
Mas, em ambos os partidos, muitos membros pediram por mais consulta ao Congresso. “O presidente precisa de autorização do Congresso para ações militares, conforme exigido pela Constituição, e peço-lhe que venha ao Congresso para um debate apropriado”, disse o senador republicano Rand Paul, do Kentucky. “Se o presidente pretende aumentar o envolvimento dos militares dos EUA na Síria, ele deve vir ao Congresso para uma autorização de Uso da Força Militar, que é qualificada para enfrentar a ameaça e impedir uma outra guerra no Oriente Médio”, afirmou também a líder da minoria na Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi.
Rússia
A primeira consequência do ataque veio da Rússia. O governo de Vladimir Putin suspendeu, nesta sexta-feira, a coordenação militar que tinha com os Estados Unidos na Síria. O Ministério das Relações Exteriores russo acusa Washington de ter planejado o ataque com antecedência. “A parte russa suspende a vigência do memorando que existe para evitar incidentes e garantir a segurança de voos durante as operações (militares) na Síria, assinado com os EUA”, afirmou o ministério, em uma declaração lida por sua porta-voz, Maria Zakharova.