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‘Sinto que fiz algo bom para o país’ ao derrotar Trump, diz Biden

Presidente eleito dos EUA diz que vai aumentar vantagem sobre China e restituir acordo nuclear com Irã; na política interna, voltará atenção à classe média

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 2 dez 2020, 18h02

Joe Biden, o presidente eleito dos Estados Unidos, em vários sentidos atuará como o anti-Donald Trump. Em entrevista ao jornal americano The New York Times publicada nesta quarta-feira, 2, o democrata disse: “Sinto que fiz algo de bom para o país, garantindo que Trump não seja presidente por mais quatro anos”, brincando que ia colocar o secretário de Justiça americano, William Barr, no programa de proteção a testemunhas por endossá-lo na terça-feira.

Sua principal prioridade, disse Biden, será aprovar um pacote de estímulo no Congresso – se possível, antes mesmo de assumir o cargo no dia 20 de janeiro de 2021. “Mais de 10 milhões de pessoas estão preocupadas sobre como pagarão o próximo pagamento da hipoteca”, afirmou, completando que ignorar esse problema pode levar a um profundo prejuízo econômico a longo prazo.

O democrata afirma que a proposta trilionária de auxílio deve, a longo prazo, gerar crescimento econômico sem criar déficit, desde que “todos paguem sua parte justa”, referindo-se aos impostos. Entre suas propostas de “taxar os ricos”, estão o aumento de tarifas sobre empresas de 21% para 28% e o aumento da taxa máxima de imposto de renda para 39,6% (ante os atuais 37%).

“Não há razão para que 91 empresas da lista Fortune 500 devam pagar zero em impostos”, disse ao Times, em referência a um estudo feito pela think tank Institute on Taxation and Economic Policy que denunciou que as maiores empresas dos Estados Unidos tiveram uma taxa efetiva de imposto federal de 0% em 2018, primeiro ano desde a lei do governo Trump sobre redução de impostos.

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Assim, um dos principais aspectos de seu governo será “desmantelar o desmantelamento” da política tributária da administração anterior. Outra medida a ser anulada é a saída do acordo nuclear com o Irã, do qual Trump retirou-se unilateralmente em 2018, reimpondo sanções sobre o petróleo do país.

Em um artigo para a emissora CNN, Biden escreveu que “se o Irã voltar a cumprir o acordo nuclear, os Estados Unidos voltariam a aderir ao acordo como ponto de partida para as negociações subsequentes” e suspenderiam as sanções.

Ele e sua equipe de segurança nacional não pretendem usar a vantagem atual para melhorar as condições do acordo, como restringir as exportações de mísseis iranianos de alta precisão para o Líbano, Síria, Iêmen e Iraque, mas apenas restaurar as condições anteriores e estender a duração das restrições à produção de material nuclear no país (originalmente 15 anos).

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Para ele, “a melhor maneira de conseguir alguma estabilidade na região” é lidar “com o programa nuclear”, completando que se o Irã conseguisse uma bomba nuclear, países como a Turquia e o Egito se sentiriam pressionados a fazer o mesmo e “a última coisa que precisamos naquela parte do mundo é um aumento da capacidade nuclear”. Biden disse ao Times, contudo, que os Estados Unidos sempre têm a opção de reimpor as sanções se necessário, e que o Irã sabe disso.

Por outro lado, o democrata parece mais hesitante em desmantelar as políticas de Trump sobre a China. Por enquanto, as tarifas de 25% sobre importações de produtos chineses serão mantidas, assim como o acordo que exige que Pequim compre 200 bilhões de dólares em bens e serviços americanos entre 2020 e 2021.

“Não vou tomar nenhuma atitude imediata, e o mesmo se aplica às tarifas”, afirmou durante a entrevista ao Times. “Não vou prejudicar minhas opções”, completou, dizendo que a melhor estratégia em relação à China é aquela que coloca os Estados Unidos e todos os seus aliados na mesma página.

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Apesar dos atritos entre o gigante asiático e Trump, o presidente Xi Jinping se confortava com a ausência de multilateralismo no governo americano, que impedia uma coalizão global contra os chineses. Biden, por sua vez, terá esse poder – já confirmando que seu objetivo é implementar políticas comerciais que “reduzam o progresso de práticas abusivas da China”, como roubo de propriedade intelectual e subsídios ilegais para corporações, e promovendo “transferências de tecnologia” americana para a Ásia.

Para isso, contudo, seria necessário que os americanos tivessem vantagem sobre a China – o que Biden prontamente admite: “Ainda não temos”. Para aumentar a competitividade, o democrata pretende investir massivamente em pesquisa, infraestrutura e educação para fomentar a indústria do país, dando continuidade ao princípio da administração anterior de “America first” (“Estados Unidos em primeiro lugar”).

“Não vou entrar em nenhum novo acordo comercial com ninguém até que tenhamos feito grandes investimentos aqui no país e em nossos trabalhadores” e na educação, disse ao Times.

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Esse ponto passa por uma questão crucial para o Partido Democrata: a reconstrução da classe média rural. Na eleição deste ano, a legenda perdeu quase todos os condados rurais do país. “Eu acho que eles se sentem esquecidos. Acho que os esquecemos”, disse Biden. “Eu os respeito”, acrescentou, e planeja provar isso combatendo a pandemia do novo coronavírus em “áreas vermelhas e azuis”.

O presidente eleito defende que a crise de saúde rural deve ser encarada por meio da expansão do Affordable Care Act (plano para a saúde do país conhecido como Obamacare), com uma opção pública, e a inscrição automática de pessoas elegíveis no Medicaid (voltado para a terceira idade). Além disso, Biden gostaria de ampliar o acesso à telemedicina com investimento de 20 bilhões de dólares em conexão com a Internet.

Contudo, todas as suas grandes propostas dependem da aprovação do Congresso. Em primeiro lugar, será preciso observar como os republicanos da Câmara e do Senado se comportam sem Trump. Em segundo lugar, se os republicanos permanecerem no controle do Senado – a composição só será decidida em janeiro, após o segundo turno das eleições para senador na Geórgia –, o presidente eleito pode enfrentar uma oposição pesada.

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Segundo a entrevista ao Times, Biden busca manter as perspectivas de cooperação abertas, mas também quer deixar claro que ele pode ter mais influência com a população americana do que o Partido Republicano está esperando.

“Acho que existem trade-offs, nem todo acordo significa afastar-se dos seus princípios”, disse Biden, referindo-se ao líder republicano no Senado, Mitch McConnell (que ainda não reconheceu oficialmente sua vitória), mas possivelmente dizendo respeito a si mesmo.

Ao final da entrevista, Biden enfatizou: “Precisamos descobrir como trabalhar juntos”. Caso contrário, “estamos com sérios problemas”.

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