Silêncio do Conselho Eleitoral sobre referendo agrava tensões na Venezuela
Opositores esperavam que o órgão divulgasse o cronograma do referendo. Das 1,8 milhão de assinaturas, 1,3 milhão são válidas, seis vezes mais que as exigidas por lei
Opositores venezuelanos tentarão mais uma vez, nesta quinta-feira, marchar até a sede do poder eleitoral para exigir a data de ratificação das assinaturas que permitirão a realização do referendo revogatório contra o presidente Nicolás Maduro, em meio ao aumento da tensão política e social no país. Quase 40 dias depois de ter apresentado ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE), 1,8 milhão de assinaturas para abrir o processo, a coligação opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) ainda não completou o primeiro passo no processo do referendo.
Líderes opositores esperavam que o CNE publicasse nesta quarta o cronograma do referendo, depois de ter sido anunciado na terça-feira que, das 1,8 milhão de assinaturas, 1,3 milhão são válidas, seis vezes mais que as 200.000 exigidas por lei para ativar a consulta. Diante do silêncio eleitoral, a oposição anunciou que nesta quinta-feira seus deputados – que são maioria no Parlamento – se dirigirão cedo ao gabinete do órgão eleitoral para exigir a data de ratificação das assinaturas.
Leia também
“Maduro, estou cansada, não tenho xampu”, diz garotinha
Poder eleitoral venezuelano valida 1,3 milhão de assinaturas para referendo
Polícia usa bombas de gás para dispersar atos contra o governo na Venezuela
Paralelamente, uma marcha de estudantes e de outros setores opositores partirá pela manhã da Plaza Venezuela ao CNE, a quarta vez em que tentarão chegar à sede do organismo, já que as manifestações anteriores foram bloqueadas e dissolvidas com gás lacrimogêneo pelas forças de segurança. “O CNE está desafiando todo um país que quer paz”, advertiu no Twitter o ex-candidato presidencial Henrique Capriles, que liderou as marchas. O presidente Maduro sustenta que a oposição não se interessa pelo referendo, e que quer gerar violência para provocar uma intervenção estrangeira.
Segundo as pesquisas, de seis a sete em cada dez venezuelanos é favorável a uma mudança de governo. Para revogar o mandato de Maduro, a oposição precisa de mais de 7,5 milhões de votos, com os quais foi eleito em 2013 após a morte de Hugo Chávez. Enquanto isso, a tensão social cresce, os protestos se tornaram cotidianos, diante do agravamento da escassez de alimentos e remédios e da alta do custo de vida. A inflação é a mais alta do mundo: 180% em 2015 e o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê 700% para o encerramento deste ano.
(Da redação)