O recém-eleito presidente da Argentina, Alberto Fernández, afirmou nesta quinta-feira, 14, que o ex-presidente boliviano Evo Morales poderá se asilar em seu país após sua posse no dia 10 de dezembro.
“Se eu fosse presidente neste momento lhes teria oferecido asilo desde o primeiro dia. A Argentina é sua casa, por isso os receberei com gosto”, disse Fernández durante coletiva de imprensa no Uruguai, referindo-se também ao ex-vice-presidente boliviano, Álvaro García Linera, que renunciou junto com Morales.
O governo de Mauricio Macri, atual mandatário argentino, ainda não se pronunciou sobre a legitimidade das novas autoridades bolivianas. Nesta terça-feira 12, a presidente interina da Assembleia Legislativa da Bolívia, Jeanine Áñez, se declarou presidente do país.
Atualmente, Morales se encontra no México, cujo governo lhe ofereceu asilo político. O líder indígena renunciou no domingo sob pressão, e em meio a enfrentamentos entre simpatizantes e opositores, na esteira da publicação de um relatório que denunciou uma fraude nas eleições presidenciais.
Nesta quinta, La Paz amanheceu pelo segundo dia quase em completa normalidade, após protestos violentos no início da semana, que começaram com a renúncia de Evo. Parte considerável do transporte público funciona normalmente, mas as universidades estão fechadas e o acesso à sede do governo está bloqueado por barricadas da polícia.
Áñez, que diz estar em uma missão para pacificar o país, anunciou que apresentará uma reclamação diplomática ao México por permitir atos políticos de Morales, e pede pela “ruptura desse protocolo” de asilo político.
À beira do caos
Enquanto isso, no Brasil, durante coletiva de imprensa na cúpula dos Brics, Vladimir Putin disse que a Bolívia está “à beira do caos”. Também afirmou esperar que quem assumir o poder na Bolívia mantenha a cooperação com Moscou.
Também nesta quinta, o governo da Rússia reconheceu a presidência interina de Áñez, ainda que mantenha o posicionamento de que as ações que levaram à renúncia de Evo Morales equivaleram a um golpe de Estado.