Senador boliviano já está há 50 dias na embaixada do Brasil
Roger Pinto se refugiou no local pedindo asilo e alegando perseguição política
O senador boliviano da oposição Roger Pinto Molina já completa 50 dias na embaixada do Brasil em La Paz, e não há previsão de quando deixará o local, informaram parlamentares do seu partido. Roger Pinto chegou à embaixada no último dia 28 de maio, pedindo asilo político e alegando sofrer de perseguição política e correr risco de vida. O senador não pode sair da Bolívia porque o governo Morales não lhe concede o salvo-conduto solicitado por Brasília. Ele é apenas mais um alvo de Morales, como tantos outros opositores que estão detidos ou se refugiaram no exterior.
Roger Pinto, ao lado do colega Bernard Gutiérrez, entregou pessoalmente ao presidente Morales, em 2011, alguns documentos recebidos pela sua bancada que vinculam dois altos funcionários do governo ao narcotráfico e que confirmam dados publicados por VEJA no último dia 7 de julho. A matéria A República da Cocaína, baseada em relatórios produzidos por uma unidade de inteligência da polícia boliviana, revela uma conexão direta entre o homem de confiança de Evo Morales, o ministro da Presidência Juan Ramón Quintana, e um traficante que atualmente cumpre pena na penitenciária de segurança máxima em Catanduvas, no Paraná: Maximiliano Dorado Munhoz Filho.
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Os documentos vazaram para a imprensa boliviana e americana por um político do Movimento ao Socialismo (MAS), o partido de Morales. Segundo eles, Quintana, quando era diretor da Agência para o Desenvolvimento das Macrorregiões e Zonas Fronteiriças, em 2010, esteve com Jessica Jordan, famosa no país por ter sido eleita miss Bolívia quatro anos antes, na casa de Dorado Munhoz, depois extraditado. A Bolívia ameaçou processar a revista por revelar tais documentos, que vinculam autoridades bolivianas ao narcotraficante brasileiro. Sobre mandar investigar as denúncias, nada foi dito.
Há uma semana, o jornal El Día, de Santa Cruz de la Sierra, e a Rádio Fides bateram à porta do imóvel apontado como sendo a casa do brasileiro Max. Ao consultarem a Força Especial de Luta contra o Narcotráfico (FELCN), que cuida do local, descobriram que o endereço era mesmo do traficante. No mesmo dia, deputados indígenas pediram explicações ao governo. Na quarta-feira passada, Morales e Quintana anunciaram a substituição de seu embaixador em Brasília. Quem assumirá é o socialista Jerjes Justiniano, um ex-reitor de universidade sem experiência diplomática. Segundo o próprio, sua primeira tarefa será “sentar a mão” em VEJA.
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