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Sem vacinas, Coreia do Norte ultrapassa 2 milhões de casos de Covid-19

Especialistas acreditam que há subnotificação de casos e OMS diz que surto pode dar origem a novas variantes

Por Da Redação Atualizado em 20 Maio 2022, 22h15 - Publicado em 20 Maio 2022, 15h25

A Coreia do Norte registrou 263.370 novos casos suspeitos de Covid-19 e duas mortes nesta sexta-feira, 20. O país, no entanto, não confirma se os casos são positivos, afirmando apenas que a população possivelmente infectada sofre de “febre”, e especialistas acreditam que há subnotificação de casos para provar uma resposta governamental eficaz.

Segundo a agência de notícias estatal norte-coreana, KCNA, o número total de “casos de febre” no país é de 2,24 milhões, incluindo 65 mortes pela doença. A agência não informou quantos desses casos deram positivo para Covid, mas disse que o país estava tendo “bons resultados” em sua batalha contra o vírus. Até a semana passada, autoridades norte-coreanas afirmavam que o país estava livre do coronavírus.

+ Sem vacinas, Coreia do Norte combate Covid-19 com remédios caseiros

Especialistas acreditam que o regime de Kim Jong-un foi forçado a reconhecer o surto da doença para não alimentar a insatisfação da população com seu governo. Kwak Gil Sup, chefe do One Korea Center, portal de notícias sobre a Coreia do Norte, acredita que as autoridades norte-coreanas estão subnotificando as mortes para provar que sua resposta foi eficaz.

“Há um ditado que diz que a Coreia do Norte é ‘um Estado de teatro’ e acho que eles estão mascarando as estatísticas do Covid-19”, disse o especialista.

O aumento do número de casos e a falta de recursos médicos e vacinas no país levaram a agência de direitos humanos das Nações Unidas (ONU) a alertar sobre consequências “devastadoras” para os 25 milhões de habitantes do país. Autoridades da Organização Mundial da Saúde (OMS) temem que uma disseminação descontrolada possa dar origem a novas variantes, possivelmente mais transmissíveis. 

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A OMS emitiu um comunicado oferecendo ajuda ao país, que inclui suporte técnico para ampliação dos testes, gestão de casos, implementação de medidas sociais e de saúde pública, além de fornecimento de suprimentos médicos e remédios. Segundo a organização, a nação asiática ainda não iniciou a vacinação da população.

“Como o país ainda não iniciou a vacinação contra o Covid-19, existe o risco de o vírus se espalhar rapidamente entre as massas, a menos que seja reduzido com medidas imediatas e apropriadas”, afirmou, em comunicado, Poonam Khetrapal Singh, diretor regional da OMS no Sudeste Asiático.

A Coreia do Sul e os Estados Unidos também ofereceram assistência para a Coreia do Norte no combate ao vírus, mas não receberam uma resposta, segundo o vice-conselheiro de Segurança Nacional de Seul.

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Para tentar frear a propagação do vírus, o líder norte-coreano ordenou o confinamento da população em todo o país e convocou o corpo médico do Exército para distribuir medicamentos comprovadamente ineficazes no combate ao vírus, como analgésicos e antibióticos. A mídia estatal veiculou recomendações à população sobre o uso de remédios caseiros para alívio dos sintomas, como chás e gargarejo com água salgada.

Kee Park, especialista em saúde global da Faculdade de Medicina de Harvard que trabalhou em projetos de saúde na Coreia do Norte, disse que o país terá dificuldades para fornecer tratamento para o já grande número de pessoas com Covid-19, acrescentando que as mortes podem chegar às dezenas de milhares.

Apesar do número de casos, o país isolado alegou que a agricultura continuava, as fábricas estavam funcionando e estava planejando um funeral de Estado para um ex-general.

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