A Coreia do Norte revelou nesta segunda-feira, 16, que 50 pessoas morreram por Covid-19, no que seria o primeiro surto da doença confirmado pelo governo do país. Desde o início da pandemia, a nação liderada por Kim Jong Un afirmava não ter nenhum caso da doença em seu território. Sem campanha de vacinação vigente, o país está usando antibióticos e remédios caseiros para tratar as infecções.
Até a semana passada, autoridades da Coreia do Norte insistiam que o país estava livre do coronavírus. Agora, o governo está mobilizando forças, incluindo o Exército, para combater o que reconheceu ser um surto “explosivo” da doença.
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Em entrevista a uma emissora estatal nesta segunda-feira, o vice-ministro da Saúde Pública, Kim Hyong Hun, disse que o país mudou de uma quarentena para um sistema de tratamento para lidar com as centenas de milhares de casos suspeitos de “febre” relatados todos os dias. De acordo com a imprensa estatal, 50 pessoas morreram, mais de um milhão sofrem de “febre” e pelo menos 564.860 estão passando por tratamento médico.
Em resposta ao surto, Kim Jong Un “criticou de modo veemente” os profissionais da área de saúde pelo que considerou uma resposta deficiente à prevenção epidêmica, segundo a agência oficial de notícias KCNA. Além disso, o chefe de Estado também condenou a falta de suprimentos nas farmácias, que, segundo ele, não cumpriram a ordem de funcionar 24 horas por dia.
Para tentar frear a propagação do vírus, o líder norte-coreano ordenou o confinamento da população em todo o país e convocou o corpo médico do exército para distribuir medicamentos na cidade de Pyongyang, onde o número de infectados é maior.
A Coreia do Norte é um dos únicos países no mundo que ainda não iniciaram uma campanha de vacinação. Para tratar a Covid-19 e seus sintomas, a mídia estatal recomendou o uso de analgésicos e remédios para baixar a febre, como ibuprofeno, amoxicilina e outros antibióticos.
Os remédios não combatem coronavírus e geralmente são prescritos para infecções bacterianas. Entre as recomendações veiculadas na imprensa local, também estão o uso de soluções caseiras como gargarejo com água salgada ou o preparo de chás.
Embora não afirme que antibióticos e remédios caseiros eliminarão a doença, o país tem um longo histórico de desenvolvimento de tratamentos não comprovados cientificamente. Alguns têm raízes em medicamentos tradicionais da Coreia do Norte, enquanto outros foram desenvolvidos para compensar a falta de medicamentos modernos.
Desde o início da pandemia, a nação mantém um rígido bloqueio contra o coronavírus, embora especialistas tenham afirmado que, com a presença da variante Ômicron na região, seria uma questão de tempo até que a doença se propagasse.
Apesar de possuir um grande número de médicos treinados e experiência em mobilização para emergências de saúde, o sistema médico da Coreia do Norte está com falta de recursos. Especialistas afirmam que os hospitais do país são mal equipados, com poucas unidades de terapia intensiva. Segundo analistas internacionais, a nação também não teria capacidade para realização de testes de Covid em larga escala.
Em um relatório de março, um investigador independente de direitos humanos das Nações Unidas afirmou que a saúde norte-coreana sofria com “falta de investimento em infraestrutura, equipe médica, equipamentos e medicamentos, além de fornecimento irregular de energia e instalações inadequadas de água e saneamento”.
Recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) enviou alguns kits de saúde e outros suprimentos para a Coreia do Norte. Os vizinhos China e Coreia do Sul também se ofereceram para enviar ajuda se Pyongyang solicitar.