Mesmo tendo sido convidado pelo próprio presidente eleito da Argentina, Javier Milei, por meio de uma carta cordial no último dia 26, o presidente Lula optou por ir à posse do novo mandatário. Ele está sendo representado pelo ministro das Relações Exteriores, o chanceler Mauro Vieira, e pelo embaixador brasileiro na Argentina, Julio Bitelli. Enquanto Lula preferiu não atiçar as polêmicas em torno do mal-estar que ocorreu entre ele e o político ultradireitista durante a campanha presidencial do país vizinho, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) aproveita a ocasião para atrair todos os holofotes para a sua presença em solo portenho, como se ainda fosse chefe de estado.
Bolsonaro chegou à Argentina acompanhado da mulher, Michelle Bolsonaro, de dois filhos, o senador Flávio e o deputado federal Eduardo Bolsonaro, e de uma comitiva de cerca de cinquenta políticos e correligionários. Dois dias antes da posse, na sexta, 8, o ex-chefe do Executivo brasileiro teve um encontro com o novo presidente argentino no hotel Libertador, em Buenos Aires, onde Milei está hospedado. Participaram do encontro ainda o senador Ciro Nogueira (PP), o ex-ministro do Turismo Gilson Machado e o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto. Após o encontro, Bolsonaro disse a jornalistas que a visita se tratou de uma “conversa entre amigos”.
Hoje, em sua chegada ao Parlamento argentino para a cerimônia de posse de Milei, mais uma vez tentou aproveitar a ausência de Lula e surfar na popularidade entre os conservadores. Bolsonaro se aproximou de centenas de pessoas que aguardavam a presença do novo mandatário argentino. Ele aproveitou os holofotes e falou com militantes de Milei, gravou vídeos, tirou fotos e só depois entrou no Congresso. Em suas redes sociais, o ex-presidente também tem aproveitado para chamar a atenção para a exposição que tenta turbinar no país vizinho. Já posto imagens andando em meio à multidão nas ruas de Buenos Aires e ao lado de aliados que foram para a posse, como o governador do Rio, de São Paulo e de Santa Catarina, Cláudio Castro, Tarcísio de Freitas e Jorginho Mello, respectivamente. Nas redes sociais, também fez questão de publicar uma foto ao lado do primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán.
A posse do presidente eleito da Argentina reunirá neste domingo 120 delegações internacionais. De acordo com o protocolo argentino, na cerimônia na qual o novo chefe de Estado é empossado, dentro do Parlamento, ex-presidentes estrangeiros ficam no mesmo local que delegações oficiais. Com isso, as chances dos representantes brasileiros do governo Lula se sentarem próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro são grandes. Fato que talvez tenha pesado na decisão do petista de não ir à cerimônia.
Durante a campanha, Milei chegou a chamar Lula de “presidiário comunista”. Ao convidá-lo para a posse abrandou o tom e pareceu selar a paz. Por meio de um convite-carta, o político ultradireitista disse desejar que o tempo de trabalho em comum dos presidentes no poder “seja uma etapa de trabalho frutífero e construção de laços” entre os dois países.