Mais de 72 horas depois da morte de Alexei Navalny, ativista e principal rival do líder da Rússia, Vladmir Putin, o ex-presidente americano Donald Trump fez uma postagem nas redes sociais nesta segunda-feira, 19, comentando o caso de forma enigmática. Conhecido admirador do chefe do Kremlin, o republicano, que disputa novamente a Casa Branca neste ano, não atribuiu qualquer culpa ao governo russo pelo que foi, no mínimo, um suspeitíssimo óbito de um detento visado em uma colônia penal fincada no gelo do Ártico. Além disso, distorceu a história para atacar seu principal rival, o presidente Joe Biden.
“A morte súbita de Alexei Navalny tornou-me ainda mais consciente do que está acontecendo no nosso país”, escreveu Trump nas redes, parecendo ligar o caso aos seus próprios problemas políticos. “É uma progressão lenta e constante. Políticos, promotores e juízes tortuosos de esquerda radical estão nos guiando a um caminho para a destruição”.
Como de costume, usou gritantes letras maiúsculas para denunciar seus opositores.
“Fronteiras abertas, eleições fraudadas e decisões extremamente injustas em tribunais estão DESTRUINDO A AMÉRICA. SOMOS UMA NAÇÃO EM DECLÍNIO, UMA NAÇÃO FALHA! MAGA2024”, concluiu, usando a sigla do seu slogan “Make America Great Again” (“Torne a América grande novamente”) para promover sua campanha eleitoral.
Putin na mira todos, exceto Trump
O atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, culpou o líder russo diretamente pela morte de Navalny, na última sexta-feira 16, assim como a principal rival republicana de Trump, Nikki Haley. O ativista anitcorrupção faleceu numa prisão do Círculo Polar Ártico, após cumprir três dos quase 30 anos de pena por “fraude” e “extremismo”.
“Putin é responsável pela morte de Navalny”, disse Biden.
Ex-presidentes e altos membros do Congresso de ambos os partidos também denunciaram o chefe do Kremlin pela morte de Navalny, que era o líder da oposição mais proeminente da Rússia. Mas Trump, o candidato republicano favorito para desafiar Biden nas eleições de novembro, havia permanecido em silêncio até segunda-feira.
Durante seu mandato na Casa Branca (2017-2021), Trump expressou admiração por Putin repetidamente. Na semana passada, ele sugeriu que os Estados Unidos poderiam não proteger os aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança militar ocidental liderada pelos americanos, de uma potencial invasão russa caso não invistam fundos suficientes no setor de defesa.