Secretário-geral da ONU irá se encontrar com Putin em Moscou
Reunião marcada para terça-feira segue crescentes evidências de possíveis crimes de guerra cometidos por tropas russas na Ucrânia
Em meio às crescentes evidências de possíveis crimes de guerra cometidos na Ucrânia, incluindo sinais de bombardeios indiscriminados e execuções sumárias, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, irá se encontrar em Moscou na próxima terça-feira, 26, com o presidente russo, Vladimir Putin.
A reunião, anunciada nesta sexta-feira, 22, acontecerá após um encontro entre Guterres e o chanceler russo, Sergei Lavrov.
“O secretário-geral visitará Moscou, Federação Russa, onde, em 26 de abril, terá um encontro de trabalho e almoço com o chanceler Sergei Lavrov e será recebido pelo presidente Vladimir Putin”, afirmou a ONU em comunicado.
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Na quarta-feira, um porta-voz da ONU afirmou que Guterres havia solicitado encontros separados com Putin, em Moscou, e com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na Ucrânia, para discutir a necessidade de um acordo de paz.
Segundo Stephane Dujarric, porta-voz da organização, a ideia é discutir “passos urgentes para a paz na Ucrânia e o futuro do multilateralismo com base na Carta das Nações Unidas e na lei internacional”.
As negociações de paz entre os dois países estão travadas desde que a Ucrânia acusou a Rússia de cometer crimes de guerra, incluindo o massacre de centenas de civis em Bucha. A Rússia revidou, tentando culpar os ucranianos pela falta de progresso nas negociações.
O anúncio do encontro com Putin, no entanto, acontece em um momento tenso do rumo da guerra. Nesta sexta-feira, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos relatou a existência de evidências crescentes de crimes de guerra cometidos por tropas russas.
“As forças armadas russas bombardearam e atiraram indiscriminadamente contra áreas povoadas, matando civis e destruindo hospitais, escolas e outras infraestruturas não militares, ações que podem equivaler a crimes de guerra”, afirmou em comunicado o escritório comandado por Michelle Bachelet.
Monitores de direitos humanos das Nações Unidas na Ucrânia também identificaram uso de armas com efeitos indiscriminados pelas próprias forças armadas ucranianas, causando morte de civis no leste do país.
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A Rússia, que descreve sua incursão como uma “operação militar especial” para desarmar e supostamente “desnazificar” a Ucrânia, nega ter como alvo civis ou cometer quaisquer crimes de guerra.
O escritório de direitos humanos das Nações Unidas disse que, desde o início da guerra em 24 de fevereiro até o dia 20 de abril, houve 5.264 vítimas civis – 2.345 foram mortos e 2.919 ficaram feridos. Entre as vítimas, 92,3% foram registradas em território controlado pelo governo e 7,7% nas regiões de Donetsk e Luhansk, controladas pelas forças armadas russas e grupos afiliados.