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‘Se eu estivesse lá, eu mataria James Holmes’, diz defensor do porte de armas

Por Da Redação
23 jul 2012, 12h54

“Se eu estivesse lá, o teria matado”. Essa é a frase recorrente dos defensores do porte de armas, que defendem a tese de que, se houvesse alguém armado no cinema de Aurora, o número de mortos no massacre desencadeado por James Holmes teria sido menor.

“Não acho que o direito de portar armas tenha criado o problema. De fato, se tivesse alguém com uma arma lá, isso poderia ter reduzido o dano. Se eu estivesse lá, teria detido parte do dano”, declarou John Oberly, um treinador de rúgbi de 51 anos, que pratica tiro ao alvo.

O pensamento de Oberly é compartilhado por muitos comentaristas que defendem a “Segunda Emenda da Constituição”, que garante o direito de portar armas.

Oberly falou com a AFP enquanto comprava munição em uma das muitas lojas de armas de Aurora, um subúrbio de Denver. Localizada entre uma cafeteria e um restaurante mexicano, o lugar tem a aparência de uma loja de departamentos.

Dedicada principalmente aos aficionados da caça, com uma decoração marcada por animais empalhados, a loja oferece fuzis, pistolas, munições, trajes e artigos de acampamento.

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Uma menina de 5 ou 6 anos experimenta um rifle. “Querida, esse é muito grande para você. Vamos procurar outro”, diz a mãe.

“Os defensores das armas estão dizendo que, se tivesse alguém (no cinema) portando armas, o massacre não teria ocorrido”, afirmou à AFP Eileen McCarron, do Colorado Ceasefire Capitol Fund, que defende um maior controle de armas.

“O cinema estava no escuro, havia cerca de 200 pessoas dentro e o atacante usou gases. Não havia como outra pessoa armada fazer nada, a não ser matar mais inocentes”, argumentou.

O debate é um tema constante nos Estados Unidos, que já viveu muitas tragédias parecidas com a de Aurora no passado.

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Os casos mais conhecidos são o massacre de 1999 em uma escola de Columbine (a 35 km de Aurora), quando dois estudantes mataram 13 pessoas; o da Universidade de Virginia Tech em 2007, quando um homem matou 32; o de uma base militar no Texas, em 2009, onde morreram 13 e o tiroteio de Tucson, em 2011, que feriu a congressista Gabrielle Giffords e matou seis pessoas.

A polêmica levantada virou tema do documentário de 2002 “Tiros em Columbine”, onde o diretor Michael Moore conclui que uma das causas deste tipo de violência é a facilidade com que armas são compradas no país.

Na madrugada de sexta-feira, durante a estreia do novo filme do Batman, um homem – supostamente James Holmes, de 24 anos – matou 12 pessoas e feriu 58. Carregava um rifle e disparou 60 tiros por minuto.

Em apenas oito semanas, havia comprado 6.300 cargas de munição.

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Comprar armamento “é muito fácil se você não é um criminoso”, disse Oberly na loja de armas. “Checam seu nome e você sai da loja com a arma, ou pode comprar pela internet e a recebe pelo correio”, contou.

Efetivamente, uma jornalista da AFP comprovou que é necessária apenas a cadeira de motorista. Com ela, o vendedor analisa o registro criminal do comprador e, se não aparecem crimes, a venda é fechada em um minuto.

Foi assim que Holmes obteve sua munição: quando este controle foi realizado, a única coisa que figurava em seu histórico era uma multa por excesso de velocidade.

Tom Mauser é pai de um estudante de 16 anos que morreu em Columbine e, desde então, se converteu em defensor do controle de armas.

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“Nós nos ocupamos basicamente dos direitos e do castigo, mas não da prevenção”, disse à AFP. “O que precisamos nos Estados Unidos é prevenção, porque quando você perde alguém o castigo não significa nada”.

Em 2003, o Colorado aprovou uma lei que requer que as pessoas obtenham uma permissão para portar consigo armas ocultas. Naquele momento, calculava-se que 60 mil pessoas pediriam esta permissão.

Mas atualmente, disse McCarron, “mais de 143 mil a possuem e, após o tiroteio, este número aumentará drasticamente”.

Um dos perigos citados pelos opositores das armas é que quem as porta pode exercer a lei por conta própria, como ocorreu na Flórida em fevereiro, quando o vigia comunitário George Zimmerman matou Trayvon Martin.

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Mas o contra-argumento dos defensores da Segunda Emenda é que um assassino não será detido porque é mais difícil arranjar uma arma.

Assim considera o diretor da escola de Columbine, Frank De Angelis, que já ocupava este posto quando ocorreu o massacre.

Proibir a venda de armas “não evitará que os criminosos as obtenham (…) Poderemos ter leis contra elas, mas os assassinos seguirão encontrando maneiras de adquiri-las”, disse à AFP.

“Os cidadãos que respeitosos das leis nos Estados Unidos compram armas legalmente e não queremos tirá-los este direito, que está em nossa Constituição”, sustentou.

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