A câmara baixa do Parlamento da Rússia, Duma, planeja punir soldados que usem smartphones no campo de batalha na Ucrânia, informou a agência de notícias estatal russa TASS nesta terça-feira, 23. Apoiado pelo Comitê de Defesa da Duma, o projeto de lei prevê penas de até 10 dias de prisão caso militares sejam pegos portando celulares conectados à internet, uma vez que os dispositivos permitem que a localização das tropas seja revelada. O ato seria considerado uma “infração disciplinar grave” que, se repetida múltiplas vezes, pode culminar em 15 dias de detenção.
Aparelhos que permitem a gravação de vídeos e de áudios, além da transmissão de dados de geolocalização, também seriam proibidos. Informações obtidas pela emissora americana CNN indicam que a legislação é proposta após ambos os lados da guerra terem utilizado celulares do lado inimigo para coletar fotos e mensagens, bem como para rastrear coordenadas para ataques mais precisos.
A notícia não foi bem recebida por blogueiros russos. No Telegram, o usuário Veteran Records escreveu que os dispositivos “são necessários na guerra não apenas para especialistas individuais, agora literalmente todo soldado precisa de um gadget na guerra. E isso não é um luxo ou um capricho – é uma necessidade ditada pelo tempo e pelas circunstâncias”. Outro, chamado Obsessed with the Z War, disse que “os chefes vivem em outro planeta”.
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Preocupações antigas
Não é a primeira vez que surgem alertas sobre o uso de smartphones no conflito, iniciado em fevereiro de 2022. Em agosto do ano passado, a aliança Cinco Olhos — grupo de cooperação de inteligência que reúne Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Austrália e Nova Zelândia — advertiu que hackers russos estavam acessando aparelhos de soldados ucranianos para roubar informações confidenciais sobre a situação no campo de batalha.
Além deles, o Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) também advertiu que os hackers invadiram tablets Android de soldados ucranianos para “planejar e executar missões de combate”. Em paralelo, o ataque ucraniano em 1º de janeiro de 2023 na cidade de Makiivka, em Donetsk, ocupada por tropas russas, teve como “causa principal” o uso generalizado de celulares por soldados, disse o Ministério da Defesa da Rússia na ocasião. Na ocasião, quase 100 militares foram mortos.