A Rússia pediu nesta terça-feira, 18, aos Estados Unidos a interrupção de seus “planos provocativos” de envio de mais tropas para o Oriente Médio. Em meio a tensões com o Irã, na segunda-feira 17, o Secretário de Defesa do presidente Donald Trump, Patrick Shanahan, anunciou o destacamento de 1.000 militares para a região, citando “finalidades defensivas” em relação às “ameaças” do governo iraniano.
As novas tropas se somarão a um reforço de 1.500 soldados anunciados pelo republicano no mês passado. Antes disso, Washington já havia endurecido sanções contra o país asiático, ordenando que todas as nações e empresas parassem de importar petróleo iraniano sob pena de serem banidas do sistema financeiro global.
Os temores de um confronto entre as Estados Unidos e Irã, inimigos de longa data, cresceram desde a última quinta-feira 13, quando dois navios-tanques foram alvo de ataques perto do Estreito de Ormuz, uma rota marítima estratégica para o transporte de petróleo.
Washington responsabilizou Teerã pelo incidente que, por sua vez, negou envolvimento nos ataques e anunciou, na segunda-feira 17, a expansão de suas reservas de urânio enriquecido, insinuando o rompimento com um acordo nuclear assinado em 2015 e já abandonado pelos americanos no ano passado.
Ultrapassar este limite de urânio provocaria uma crise diplomática, o que forçaria os outros signatários do pacto, incluindo a China, Rússia e potências europeias, a confrontarem o Irã.
A Rússia pediu aos Estados Unidos que cessem as ações que, segundo Moscou, parecem ser uma tentativa consciente de provocar uma guerra com os iranianos, e pediu também moderação a todos os lados.
“O que vemos são tentativas intermináveis e contínuas dos Estados Unidos de provocar uma pressão política, psicológica, econômica e militar sobre o Irã de maneira bastante provocativa”, disse o vice-ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Ryabkov, segundo agências de notícias russas.
Trump inexperiente
A China também pediu cautela dos governos iraniano e americano. Seu principal diplomata alertou para o fato de que o mundo não deveria abrir uma “caixa de Pandora” no Oriente Médio, ao mesmo tempo em que criticou a pressão dos Estados Unidos sobre o Irã, apelando para que esse último não rompa com o acordo nuclear histórico.
Em um discurso nesta terça, o presidente iraniano, Hassan Rouhani, minimizou os esforços americanos para isolar seu país e insinuou que o governo de Trump é inexperiente em questões internacionais, afirmando que, apesar disso, não pretende entrar em um conflito.
“O Irã não travará guerra com nenhuma nação”, disse Rouhani, em um discurso transmitido ao vivo pela televisão estatal. “Apesar de todos os esforços dos americanos na região e de seu desejo de cortar nossos laços com todo o mundo para manter o Irã isolado, eles foram malsucedidos”, completou.
Na segunda-feira 17, autoridades iranianas fizeram vários comentários enfáticos sobre a segurança do Oriente Médio. O secretário do Supremo Conselho de Segurança Nacional, Ali Shamkhani, chegou a dizer que o país é o responsável pela fiscalização no Golfo Pérsico, e exigiu que as forças americanas deixem a região.
(Com Reuters)