Um tribunal de Moscou rejeitou um apelo do repórter do jornal americano Wall Street Journal, Evan Gershkovich, contra sua prisão preventiva nesta terça-feira, 19. O jornalista foi preso em março por acusações de espionagem e deve permanecer detido na Rússia.
A decisão é o mais recente recurso negado para Gershkovich, que já teve a prisão preventiva prorrogada em maio e em agosto desde a sua detenção. Agora, de acordo com as ordens do tribunal, o repórter deve ficar na prisão russa até pelo menos 30 de novembro.
O FSB, o principal serviço de segurança da Rússia, acusou Gershkovich de tentar obter segredos de Estado durante uma viagem de trabalho ao país. A acusação é negada tanto pelo jornalista como pelo Wall Street Journal, porém, caso condenado, ele pode pegar até 20 anos de prisão.
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Gershkovich foi visto em um recinto de vidro vestindo jeans e uma camisa leve pouco antes da audiência. A embaixadora dos EUA na Rússia, Lynne Tracy, também esteve no tribunal e disse que visitou o americano na semana passada na famosa prisão russa de Lefortovo.
“A posição dos EUA permanece inabalável. As acusações contra Evan são infundadas. O governo russo prendeu Evan simplesmente por fazer o seu trabalho. O jornalismo não é um crime”, disse Tracy. “Evan está plenamente consciente da gravidade da sua situação, mas continua notavelmente forte.”
A prisão do repórter tem sido uma fonte de tensão entre Washington e Moscou, que já enfrentam um período conflituoso devido ao início da guerra na Ucrânia em 2022. A Casa Branca alega que o Kremlin está usando Gershkovich, primeiro repórter americano preso na Rússia desde a guerra fria, como um refém geopolítico.
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“O mundo sabe que as acusações contra Evan são infundadas – ele foi preso na Rússia simplesmente enquanto fazia seu trabalho como jornalista e está detido pela Rússia para obter vantagem porque é americano”, disse Karine Jean-Pierre, secretária de imprensa da Casa Branca.
Em abril, o Departamento de Estado dos EUA declarou que Gershkovich tinha sido detido injustamente, uma medida que permitiu à administração de Joe Biden procurar a sua libertação através de vias como a troca de prisioneiros. Negociações chegaram a ser iniciadas, mas nenhuma resolução foi fechada.
“Levo a sério a ideia de fazer o que pudermos para libertar os americanos que estão detidos ilegalmente na Rússia ou em qualquer outro lugar. E esse processo está em andamento”, disse Biden.