A Rússia afirmou nesta quarta-feira, 26, que pode tomar mais ativos ocidentais como forma de retaliação por sanções promovidas por Estados Unidos e Europa. O alerta foi feito um dia após o presidente da Vladimir Putin assinar um decreto que permite o controle temporário dos ativos russos da empresa finlandesa Fortum e da alemã Uniper, operadoras de usinas de energia no país.
Apesar da possibilidade da medida ser revertida, o novo movimento de Putin ocorre em meio aos rumores de que os membros do G7 estariam considerando uma proibição das exportações para Moscou. A União Europeia estaria estudando, ainda, a possibilidade de usar ativos congelados para reconstruir a Ucrânia, invadida por tropas russas em fevereiro do ano passado.
Como consequência ao conflito, empresas russas foram submetidas a uma série de sanções ocidentais. Autoridades, no entanto, relataram a insuficiência das medidas atuais e apontaram para a necessidade de retaliações mais duras.
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A escalada dos embates entre Rússia e Ocidente alcançou estado crítico com a entrada da Finlândia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no início do mês, mesmo com as ameaças do Kremlin. Receoso com a guerra na Ucrânia, o país teria buscado proteção da principal aliança militar ocidental.
Com o aval de Putin, tanto a Fortum como a Uniper tiveram suas ações colocadas sobre o controle temporário da Rosimushchestvo, a agência imobiliária do governo federal. O valor contábil dos ativos de ambas as entidades alcançou 1,7 bilhão de euros (cerca de 9,4 bilhões de reais).
A alemã Uniper é, ainda, responsável por 83,73% da Unipro, que opera cinco usinas na Rússia com 4.300 funcionários. A sede russa da Fortum controla também sete usinas termelétricas nos Urais e na Sibéria Ocidental, assim como usinas eólicas e solares. Ambas a tentavam sair do território russo.
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Um porta-voz do Ministério das Finanças da Alemanha, que supervisiona a propriedade do governo da Uniper, afirmou que Berlim estaria avaliando as implicações concretas da decisão. Somando-se aos críticos, a ministra da Finlândia responsável pelas participações estatais, Tytti Tuppurainen, informou que acompanharia o caso de perto, já que o Estado é o maior acionista da empresa finlandesa.
Porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov disse que a medida “não trata de questões de propriedade e não priva os proprietários de seus bens porque a gestão externa é temporária e significa apenas que o proprietário original não tem mais o direito de tomar decisões administrativas”. Ele alertou também que a lista de empresas pode ser expandida.
No início da semana, o banco estatal russo VTB afirmou que a Rússia deveria controlar e administrar os ativos de empresas estrangeiras, ao alegar que a devolução só deveria ser realizada com o fim das sanções contra o país.