Rússia comenta vitória de Trump de maneira cética: ‘Não temos ilusões’
Porta-voz do Kremlin afirma não saber se o presidente Vladimir Putin vai parabenizar o republicano e chama EUA de 'país hostil'
O Kremlin reagiu nesta quarta-feira, 6, à vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos, afirmando que só o tempo dirá se as promessas do republicano de acabar com a guerra na Ucrânia se tornarão realidade.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que não tinha conhecimento de nenhum plano do presidente Vladimir Putin de parabenizar Trump por sua vitória e que a Rússia tiraria conclusões sobre as declarações do ex-presidente americano “com base em palavras e ações concretas” no futuro.
“Não esqueçamos que estamos falando de um país hostil, que está direta e indiretamente envolvido em uma guerra contra nosso estado (na Ucrânia)“, disse Peskov a repórteres, acrescentando que as relações com Washington estão em um nível historicamente baixo.
“Nós dissemos repetidamente que os EUA são capazes de contribuir para o fim deste conflito. Isso não pode ser feito da noite para o dia, mas os EUA são capazes de mudar a trajetória de sua política externa. Se isso vai acontecer, e como, veremos depois (da posse do presidente dos EUA em) janeiro”, completou ele.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou que não tem ilusões em relação a vitória de Trump, acrescentando que “a elite política dominante nos Estados Unidos, independentemente da filiação partidária, adere a atitudes anti-russas e à linha de ‘contenção de Moscou'”.
“A Rússia trabalhará com a nova administração quando ela ‘fixar residência’ na Casa Branca, defendendo ferozmente os interesses nacionais russos e se concentrando em atingir todos os objetivos definidos da operação militar especial (na Ucrânia)“, disse o ministério.
A chancelaria russa ainda afirmou que o resultado das eleições “reflete a insatisfação dos americanos” com o governo do presidente Joe Biden, acrescentando que o regresso de Trump pode provocar “maior tensão interna e um endurecimento da polarização”.
Guerra na Ucrânia
Durante sua campanha, Trump prometeu resolver “rapidamente” a guerra na Ucrânia, apesar de não ter explicado exatamente como faria isso.
Ao contrário do presidente Biden e sua vice, Kamala Harris, Trump demonstra ceticismo em relação ao forte apoio militar e financeiro dos EUA à Ucrânia, sugerindo que pressionará a Ucrânia a ceder território ou a abandonar seu plano de adesão à Otan .
Em setembro, o republicano se encontrou com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em Nova York, alegando que tem um “relacionamento muito bom” com o líder de Kiev, mas que também tem um “relacionamento muito bom” com Putin.