O inglês Robert Freeman precisou de pouco mais de dois anos para construir a imagem do maior grupo pop de todos os tempos. De 1963 a 1965, ele fotografou os Beatles em algumas das capas mais célebres do quarteto de Liverpool: os músicos com o rosto em meio a sombras de With the Beatles; fazendo os sinais da palavra Help! (“Socorro!”), em pose que seria copiadíssima; e na imagem distorcida de Rubber Soul, seu último trabalho para eles. “Além de ser um grande profissional, ele tinha muita imaginação”, declarou Paul McCartney nas redes sociais. “Sentirei saudade desse homem maravilhoso, mas trago no coração as lembranças do período em que esteve conosco.”
Nascido em Londres, Freeman se formou na Universidade de Cambridge, em 1959. Passados dois anos, já fotografava para jornais como The Sunday Times. Ao ser recrutado pela EMI, gravadora dos Beatles, trazia no currículo imagens de celebridades como o líder russo Nikita Kruschev e o saxofonista John Coltrane. Foi com essa bagagem que ele bateu no escritório de Brian Epstein, empresário do quarteto, em busca de trabalho. Outra ligação dele com os Beatles foi menos vantajosa: sua então mulher, a modelo Sonny Drane, teve um caso com John Lennon. Ela seria a inspiração para o beatle criar a canção Norwegian Wood (This Bird Has Flown). Cinco anos atrás, o fotógrafo sofreu um derrame e vendeu retratos raros de Lennon para cobrir as despesas do tratamento. Morreu na quarta-feira 6, aos 82 anos, de pneumonia, em Londres.
Publicado em VEJA de 20 de novembro de 2019, edição nº 2661