‘Revolta dos vovôs’ pode dificultar (e muito) a reeleição de Trump
Resposta de Donald Trump ao novo coronavírus derruba apoio do eleitorado com mais de 65 anos
Com 1,7 milhão de infectados e 100.000 mortos, os Estados Unidos são o país mais afetado pela epidemia do novo coronavírus. E a multiplicação de casos, garantem especialistas, foi impulsionada pela política errática do presidente americano, Donald Trump.
Além da demora para decretar medidas preventivas, como a quarentena, Trump proferiu barbaridades, que incluem a sugestão para que se beba desinfetante como forma de matar o vírus e a recomendação do uso da hidroxicloroquina, mesmo que pesquisas científicas demonstrem o contrário.
Agora, uma parcela fundamental de sua base está pronta para cobrar a fatura. De acordo com levantamentos divulgadas recentemente, Trump vem perdendo apoio dos idosos a seis meses das eleições presidenciais. Essa faixa etária, argumentam os institutos, sente-se abandonada pelo presidente.
Uma das responsáveis pela estratégia de marketing de Trump na campanha de 2016, Kellyane Comway é uma das que vem aconselhando o republicano a se reaproximar dos velhos. Não à toa, Trump assinou no início de maio a criação do “Mês do idoso”, que usará para divulgar feitos de sua administração voltados aos mais velhos. “Esse vírus representa um risco enorme aos americanos de idade”, afirmou durante o evento.
A preocupação em Washington é explicada pela pirâmide etária dos Estados Unidos, com 50 milhões, ou 15% da população total, acima dos 65 anos. Trump e o Partido Republicano dependem dos idosos, o mais numeroso bloco de eleitores do país, para compensar a vantagem que os democratas desfrutam entre os jovens.
Em 2016, Trump venceu Hillary Clinton por uma diferença de sete pontos entre o público com mais de 65 anos. Isso incluiu estados que são chave para a conquista de delegados do Colégio Eleitoral, como Michigan, Wisconsin, Pensilvânia e Flórida. Todos eles, por sinal, possuem numerosa população de velhos.
A crise na relação de Trump com os avós americanos se soma a outros desafios. Em nove semanas de quarentena, os Estados Unidos contabilizam 38 milhões de desempregados. Isso significa que uma em cada cinco pessoas está fora da força de trabalho.
A situação é tão séria que só encontra paralelo com o ano de 1933, auge da Grande Depressão. Por isso, é altamente aconselhável que Trump seja generoso no cortejo aos velhinhos. Nos EUA, políticos que permitem a subida do desemprego são invariavelmente expulsos pelas urnas.