O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, negou ao governo escocês nesta terça-feira, 14, o direito de realizar um novo referendo sobre a independência do país. Como reação, a primeira-ministra da Escócia e líder do Partido Nacional Escocês (SNP), Nicola Sturgeon, disse que o “país terá o direito de escolher seu futuro”, desafiando a decisão de Johnson.
Sturgeon havia enviado a Londres a proposta de 38 páginas no dia 19 de dezembro, logo depois da vitória dos conservadores nas eleições parlamentares britânicas. Ela argumentou que resultado do pleito, que deu vitória a Johnson e seus aliados favoráveis ao Brexit, dava legitimidade para um novo referendo. Já era esperado, porém, que o premiê negasse o pedido.
Para o primeiro-ministro, o resultado do último referendo selou a questão. Em comunicado, Johnson disse que Sturgeon e seu antecessor “fizeram a promessa de que o referendo de independência de 2014 era um voto único ‘em uma geração'”. A carta assegura que Londres trabalhará para continuar a manutenção da escolha democrática dos escoceses.
“Outro referendo de independência faria com que a Escócia continuasse estagnada politicamente como na última década, com escolas, hospitais e empregos deixados de lado por conta da campanha de separação do Reino Unido”, argumenta Johnson.
Sturgeon, por outro lado, diz que os conservadores “têm pavor do direito de escolha da Escócia”. “Quanto mais eles tentam bloquear a democracia, mais demonstram que a União não é igualitária, aumentando o apoio à independência”, afirmou. Nas últimas eleições gerais, o SNP conquistou 48 das 59 cadeiras reservadas ao país.
A primeira-ministra escocesa também disse que buscará todos os meios necessários para realizar o referendo e que espera o apoio do Parlamento do país para seguir adiante com seu plano.
Não é a primeira vez que o governo do Reino Unido nega um novo referendo pela independência. A ex-primeira-ministra conservadora Theresa May desautorizou a realização do pleito em 2017. Para a consultar vir a ocorrer, Londres deve aceitar um pedido de Sturgeon para transferir os poderes da chamada Seção 30 ao Parlamento escocês.
Em 2014, 55% dos escoceses votaram pela permanência do país no reino e na União Europeia. Mas o Brexit não estava no horizonte durante o pleito. Durante o referendo de 2016, para decidir se o Reino Unido saia ou não do bloco europeu, a Escócia votou em peso pela permanência – com 62% dos votos.
Sturgeon prometeu apresentar os próximos passos para convocar a consulta popular até o final de janeiro, quando efetivamente o Brexit entrará em vigor.