Rei Charles deveria participar de cúpula do clima, diz enviado dos EUA
Monarca era ativamente envolvido nas questões ambientais antes de se tornar rei, mas precisou mudar de postura devido à neutralidade exigida pela monarquia
O enviado especial dos Estados Unidos para o clima , John Kerry, disse nesta sexta-feira, 21, que o rei Charles III deveria reconsiderar sua decisão de não ir à Conferência das Nações Unidas sobre as Mudança Climáticas, a Cop 27, no Egito.
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Em entrevista à BBC, o funcionário do governo americano disse que seria “fantástico” se o monarca pudesse comparecer, acrescentando que ele tem sido um “ótimo líder nessa questão”. Enquanto ainda era príncipe de Gales e herdeiro ao trono, Charles planejava ir à conferência, mas mudou de ideia depois de se tornar rei e decidiu seguir o conselho da ex-primeira-ministra Liz Truss, que afirmou que a conferência não ia de encontro com os planos do governo.
Kerry disse que, em última análise, caberá a “qualquer governo que esteja no lugar” tomar a decisão de participar da conferência climática, que acontece de 6 a 18 de novembro. A fala é uma referência à renúncia de Truss na quinta-feira 20.
Antes de assumir o trono, após a morte da rainha Elizabeth II, Charles passou décadas fazendo campanha por causas ambientais. No entanto, o monarca britânico agora é obrigado a permanecer politicamente neutro.
“Eu não considero a defesa climática um ato político. É uma questão genérica, de base, existencial para o mundo, e sua liderança tem sido muito importante”, ponderou o americano.
Em novembro do ano passado, ainda como príncipe, Charles viajou ao Egito com a bênção do governo para instar o governo egípcio a aumentar seus esforços para combate às mudanças climáticas. Na ocasião, ele se encontrou com o presidente Abdul Fattah al-Sissi.
Neste ano, os papéis se inverteram e é Cairo quem alerta ao Reino Unido para não retroceder na agenda climática global após o anúncio de que Charles não irá comparecer.
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Por fim, Kerry também disse os Estados Unidos estão preocupados com vários países que parecem correr o risco de reverter seus compromissos climáticos e que notou o que chamou de “decisões que levantaram algumas questões” do atual governo.