Refugiados no Brasil, ucranianos pedem para voltar à Europa
Em cidade do Paraná, apenas um de 27 ucranianos deseja continuar no Brasil
Famosa por ser um pequeno reduto de ucranianos em solo brasileiro, a cidade de Prudentópolis, no Paraná, se mobilizou para receber refugiados assim que estourou a Guerra na Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022. Logo em abril, a Primeira Igreja Batista, comandada pelo missionário ucraniano Vitalii Archulik, recebeu um grupo de 27 refugiados, em maioria mulheres e crianças.
No entanto, menos de um ano depois, a maioria dos refugiados já pediu para voltar para Europa: alguns vão retornar para a Ucrânia e outros pediram abrigo em nações vizinhas, sobretudo a Polônia. De todos os refugiados acolhidos, apenas uma ucraniana decidiu permanecer no Brasil por não ter familiares no país natal.
“Eles estão há quase um ano aqui e eles acham que é muito longe. A maioria das mulheres pensava nos maridos, porque eles não podem sair do país, pelos menos aqueles que têm menos do que três filhos na família”, explicou o pastor a VEJA.
Além disso, segundo o missionário, muitos querem voltar para ficar mais perto de familiares, e estar no Brasil impossibilitaria um contato mais frequente.
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“A Europa está do lado, qualquer coisa você pode sair e voltar, você vai gastar só algumas horas de ônibus”, disse.
Apesar de a Igreja ter ajudado no sustento das famílias, a falta de assistência do Estado brasileiro também desestimulou a permanência no país. Até o momento, apenas cinco pessoas do grupo conseguiram empregos nas áreas de limpeza, corte de carnes e comércio.
“Foi um processo muito bonito que aconteceu aqui na nossa comunidade. A chegada dos ucranianos teve uma comoção”, afirmou a diretora executiva da Associação Batista de Ação social (ABASC), Martha Zimermann. “Nós tivemos muitas doações mesmo tanto de roupas como de eletrodomésticos, material de higiene, móveis, toda a comunidade – membros e não membros – teve um acolhimento muito gostoso e generoso”.
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Segundo a diretora, a língua também foi um fator para a desistência na permanência no país. Agora que a maioria vai voltar para a Europa, o grupo já interrompeu as aulas de português e cancelou as matrículas nas escolas brasileiras, na qual a Associação tinha conseguido bolsa para as crianças.
De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), a guerra na Ucrânia já obrigou mais de 8 milhões de pessoas a se deslocarem para outros países. A Polônia, nação vizinha, é o destino mais procurado pelos ucranianos, com 1,5 milhão de refugiados, seguido por Alemanha, República Tcheca, Itália, Espanha e Reino Unido.