Realeza britânica ganhou mais de R$6 bilhões com propriedades controversas
Investigação conduzida pelo jornal britânico 'The Guardian' analisou os ducados de Lancaster e Cornwall

O rei Charles III e a falecida rainha Elizabeth II lucraram mais de 6 bilhões de reais com duas terras e propriedades, no Reino Unido, que estão no centro do debate público sobre o que deve ser feito com o montante arrecadado. As informações foram divulgadas pelo The Guardian nesta quarta-feira, 5.
A investigação conduzida pelo jornal britânico analisou os ducados de Lancaster e Cornwall. Os ducados funcionam como um império imobiliário que administra fazendas, hotéis, castelos medievais, escritórios, lojas e alguns dos principais imóveis de luxo de Londres. A cobrança de impostos, no entanto, não é realizada.
Os arquivos parlamentares e estaduais britânicos indicam que a rainha Elizabeth e seu filho, o agora rei Charles, receberam grandes pagamentos por duas propriedades durante sete décadas. Somente no ano passado, a monarquia embolsou cerca de 1,2 bilhão de libras esterlinas (7,5 bilhões de reais), após os ajustes da inflação.
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Com 18.481 hectares de terras, o terreno do ducado de Lancaster está avaliado em 652 milhões de libras e passa automaticamente para o detentor do trono inglês. Logo, com a morte da monarca no ano passado, o rei Charles III é o novo dono do local.
Já o ducado da Cornualha, que conta com 52.450 hectares e é classificado em 1 bilhão de libras (6,5 bilhões de reais), é transferido para o próximo herdeiro masculino do trono. O príncipe William, então, é responsável pela propriedade, que não acompanhou a legislação de 2013 que combate os preconceitos de gênero na monarquia britânica.
A família real argumenta que os rendimentos são destinados aos deveres oficiais, obras públicas e caridade. Contrariando as alegações, o The Guardian afirma que os valores bilionários do ducado de Lancaster teriam sido utilizados pela rainha para encerrar as investigações do caso de agressão sexual movido contra o príncipe Andrew.
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A realeza afirma, ainda, que a renda é “privada”. O montante arrecadado nas duas terras não faz parte do pagamento anual recebido do governo para cobrir os gastos oficiais. O benefício angariado pela monarquia custa 86 milhões de libras (cerca de 540 milhões de reais) ao contribuinte por ano.
Baseada em cartas arcaicas datadas dos feudos medievais, a família real reivindica o direito das locações, enquanto a democracia parlamentar contesta o acordo. Os membros da Câmara, aproveitando a mudança de monarca, solicitam que os lucros obtidos sejam pagos ao Tesouro.