O principal negociador da Coreia do Norte chamou nesta quinta-feira (17) o governo sul-coreano de “ignorante e incompetente”. Também denunciou os exercícios militares aéreos realizados pela Coreia do Sul e os Estados Unidos e ameaçou interromper todas as negociações com Seul, a menos que suas exigências sejam atendidas.
Os comentários de Ri Son Gwon, presidente do norte-coreano Comitê para Reunificação Pacífica, foram os mais recentes de uma série de declarações inflamadas. O comportamento marca uma mudança drástica no tom norte-coreano, depois de uma curta fase de alívio das tensões, de planos de desnuclearização e de um possível encontro entre o líder Kim Jong-un e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Ri criticou o Sul por participar dos exercícios militares, que acontecem anualmente, bem como por permitir que a “escória humana” falasse em sua Assembleia Nacional, segundo a agência de notícias norte-coreana KCNA.
“Nessa oportunidade, as atuais autoridades sul-coreanas têm provado claramente que são um grupo ignorante e incompetente, desprovido do senso elementar da situação atual”, disse Ri. “A menos que seja resolvida a grave situação, que levou à suspensão das negociações de alto nível entre norte e sul, nunca será fácil sentar-se frente a frente novamente com o atual regime da Coreia do Sul”, disse o comunicado.
A declaração não identificou a quem o negociador se referia como “escoria humana”, mas Thae Yong Ho ex-diplomata norte-coreano que desertou para o Sul em 2016, concedeu uma entrevista coletiva na segunda-feira na Assembleia Nacional da Coreia do Sul, por ocasião da publicação de suas memórias. Em seu livro, Thae descreve o líder norte-coreano como “impaciente, impulsivo e violento”.
A Coreia do Norte disse na quarta-feira (16) que Kim pode ausentar-se do encontrocomDonald Trump em Cingapura, no dia 12 de junho, se Washington continuar exigindo que Pyongyang abandone unilateralmente seu arsenal nuclear.
Nesta quinta-feira, o jornal japonês Asahi Shimbun relatou que os Estados Unidos exigiram que o governo norte-coreanos envie algumas ogivas nucleares, um míssil balístico intercontinental (ICBM) e outros materiais nucleares para o exterior no prazo de seis meses.
Segundo o jornal, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, teria dito ao líder norte-coreano que a Coreia do Norte poderia ser removida de uma lista de Estados patrocinadores do terrorismo se enviasse os itens nucleares para fora do país.
A Coreia do Sul teria afirmado mais cedo que pretende ser a mediadora da cúpula entre Kim Jong-un e Donald Trump, informou uma autoridade da presidência sul-coreana. Mas esse objetivo foi posto em dúvida pelos comentários de Ri.
(Com Reuters)