O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, responsabilizou o presidente russo, Vladimir Putin, pela morte do opositor Alexei Navalny, nesta sexta-feira, 16.
“Para não haver erro: Putin é responsável pela morte de Navalny”, disse o democrata. Putin não só mira cidadãos de outros países, como estamos vendo o que está acontecendo na Ucrânia — ele também comete crimes terríveis contra seu próprio povo”.
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A morte do opositor foi anunciada nesta sexta-feira pelo serviço penitenciário da região de Yamalo-Nenets, na Rússia, onde Navalny cumpria pena há cerca de três anos.
“Navalny sentiu-se mal após uma caminhada, perdendo quase imediatamente a consciência. A equipe médica chegou imediatamente e uma equipe de ambulância foi chamada. Foram realizadas medidas de reanimação que não produziram resultados positivos. Os paramédicos confirmaram a morte do condenado. As causas da morte estão sendo apuradas”, disse o comunicado oficial.
O governo russo disse ainda não ter nenhuma informação sobre a causa da morte de um dos principais adversários políticos do presidente Vladimir Putin.
Em discurso, o presidente americano também disse estar “ultrajado” pela notícia da morte do opositor, que, segundo ele, “se posicionou firmemente contra a corrupção, a violência e todas as coisas ruins que o governo de Putin estava fazendo”.
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“Mesmo na prisão, ele era uma poderosa voz pela verdade”, disse. “Ele poderia ter vivido em segurança no exílio após a tentativa de assassinato contra ele em 2020, que quase o matou (…) Em vez disso, regressou à Rússia – sabendo que provavelmente seria preso, talvez morto, se continuasse o seu trabalho. Mas fez isso. Porque acreditava profundamente no seu país, na Rússia”.
Biden também usou o caso para pressionar o Congresso americano a aprovar ajuda financeira à Ucrânia, em guerra com a Rússia desde 2022. “Temos de fornecer o financiamento para que a Ucrânia possa continuar a se defender contra os violentos ataques e crimes de guerra de Putin”, disse. O democrata afirmou que se os Estados Unidos não ajudarem a Ucrânia “nesse momento crítico”, “isso nunca será esquecido”.
Nesta semana, o Senado dos Estados Unidos aprovou um projeto de lei de 95,34 bilhões de dólares (cerca de 470 bilhões de reais) que prevê ajuda para Israel, Ucrânia e Taiwan. O projeto será enviado agora para a Câmara, onde deve enfrentar resistência.
Reações
Outras autoridades também se pronunciaram sobre o caso. O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, classificou a morte como “chocante”, de acordo com seu porta-voz, Stéphane Dujarric.
“Ele espera uma investigação completa, crível e transparente sobre as circunstâncias da morte sob detenção”, disse Dujarric.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse estar “profundamente perturbada e triste” com a notícia da morte de Navalny, enquanto o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse que “Navalny comprometeu-se pelos valores de liberdade e democracia. Guerreiros morrem, mas a luta pela liberdade nunca acaba”.
Já o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse ser “óbvio que ele foi assassinado”.
“Putin não liga para quem morre, desde que esteja no poder. É por isso que ele deveria perder tudo. Ele deveria perder a guerra e deveria ser responsabilizado pelos crimes cometidos em seu nome”, disse durante entrevista coletiva em Berlim com o chanceler alemão, Olaf Scholz.
Scholz, por sua vez, disse que a morte é um “terrível sinal” de como a Rússia mudou nos anos recentes.
O secretário das Relações Exteriores britânico, David Cameron, afirmou que “Putin deveria ser responsabilizado pelo ocorrido – ninguém deveria duvidar da natureza terrível desse regime”.
Navalny
Navalny é um ex-advogado e tornou-se mundialmente conhecido há pouco mais de uma década por fazer críticas abertas contra Putin, por ter sido supostamente envenenado por homens do Kremlin e por expor uma suspeita rede de corrupção dentro do governo russo. Na década de 2010, quando ainda morava em sua terra natal, liderou um movimento contra o líder russo que levou milhares de pessoas às ruas do país.
O ativista foi detido por forças russas em janeiro de 2021 depois de retornar da Alemanha, onde foi tratado da suspeita de envenenamento. Ele foi condenado a nove anos de prisão por fraude, mas depois os tribunais russos aplicaram uma nova pena por “extremismo”, elevando a sentença para quase trinta anos. Ele também foi imputado por desrespeitar o Judiciário.
O ativista, por sua vez, acusava o governo russo de censura e de forjar provas para incriminá-lo.