O primeiro-ministro da Rússia, Dmitri Medvedev, renunciou ao cargo junto de todo o gabinete por divergir da reforma constitucional proposta pelo presidente do país, Vladimir Putin, para reforçar o seu poder depois de deixar o cargo, em 2024, e assumir a função de premiê. A iniciativa de Medvedev rompe com a sua dobradinha com Putin nos dois cargos, em vigor desde 2008.
Em seu discurso anual à nação, Putin afirmou que trabalhará até o fim do seu mandato por uma reforma para fortalecer o Legislativo. Explicou que a Constituição de 1993 deveria ser alterada para permitir que o Parlamento escolha o primeiro-ministro e que este possa nomear o gabinete de ministros. Atualmente, o presidente tem a prerrogativa de indicar o primeiro-ministro e a equipe ministerial. “Isso vai aumentar a importância do Parlamento do país”, afirmou.
Pouco depois do anúncio de Putin, Medvedev enviou sua carta de renúncia ao presidente junto com a de toda a sua equipe ministerial. Em discurso, o primeiro-ministro disse que “o governo da Federação Russa deve prover ao presidente do país a oportunidade de adotar todas as medidas necessárias” e que a equipe fez bem ao renunciar.
Segundo a imprensa russa, Putin pediu pessoalmente a Medvedev que continue em suas funções até que um novo governo seja formado. O presidente russo também poderá criar um cargo de vice-secretário do Conselho de Segurança e oferecê-lo a Medvedev, como meio de contornar a crise política deflagrada pela reação do primeiro-ministro.
Para a reforma começar a tramitar no Parlamento, contudo, Putin disse que a proposta deverá passar por um referendo. A última consulta popular ocorreu em 1993, quando a população votou pela aprovação da nova Constituição do país.