O separatista Carles Puigdemont, destituído da presidência da Catalunha pelo governo da Espanha, pediu neste sábado que os cidadãos se oponham democraticamente à intervenção do governo central, após a declaração do Parlamento local que o processo de independência teria início.
O pedido foi feito durante um pronunciamento transmitido pela televisão. Puigdemont não admitiu ter sido destituído, e pediu também o fim da intervenção do governo federal na região. “Nossa vontade é continuar trabalhando para cumprir os mandatos democráticos e, ao mesmo tempo, buscar a maior estabilidade e tranquilidade”, disse o líder separatista.
Neste sábado, foi publicado decretos oficial indicando a vice-presidente da Espanha, Soraya Sáenz de Santamaría, como nova chefe do governo da Catalunha. “Está claro que a melhor maneira de defender as conquistas obtidas até hoje é a oposição democrática à aplicação do artigo 155” disse em referência ao artigo da Constituição espanhola usado pelo poder central para destituí-lo.
O líder separatista falou cercado por uma bandeira da Catalunha e outra da União Europeia. A versão por escrito de seu pronunciamento foi divulgada e tem a assinatura de “Carles Puigdemont, presidente da Generalitat (governo) da Catalunha”. Para ele, sua destituição e a dissolução do Parlamento para convocar eleições, decretados por Madri “são decisões contrárias à vontade expressa pelos cidadãos do nosso país nas urnas”.
República da Catalunha
Em um trecho crítico, pediu aos catalães para defenderem a República proclamada no dia anterior pelos partidos separatistas que dominam o Parlamento regional. “A etapa em que entramos temos que continuar defendendo com um incansável senso cívico e compromisso pacífico”, afirmou.
Contudo, esta república proclamada após o referendo inconstitucional de 1 de outubro não foi reconhecida por nenhum país da comunidade internacional, que respaldou a postura de Rajoy.
Ela também é rechaçada por grande parte da sociedade catalã, que está dividida quase em partes iguais entre partidários e contrários da independência, e pelo poder econômico, diante da fuga de empresas iniciada após a controversa votação.