O estupro cometido por três policiais contra um jovem negro no norte de Paris tem resultado em violentos protestos na capital francesa. Em estado de emergência há quinze meses, a França enfrenta o risco de sofrer outra grave crise em plena campanha eleitoral. Segundo informações do jornal El País, os protestos que antes se limitavam a Paris começaram a se espalhar pelas periferias, chegando a outras seis cidades.
Depois que Théo L. foi detido por três policiais no último dia 02, exames médicos constataram que o jovem possuía graves feridas produzidas por um estupro realizado com um cassetete por um dos policiais. Apesar do apoio demonstrado ao jovem pelo presidente François Hollande em sua visita, e dos pedidos de paz do próprio Théo, milhares de jovens estão indo às ruas. Centenas de carros já foram incendiados e estabelecimentos destruídos desde o início dos protestos.
Segundo o jornal El País, gritos e cartazes pedem justiça para o jovem Théo nas ruas da periferia de Paris. Principalmente, em sua cidade, em Aulnay-sous-Bois, uma zona de conflito habitada por uma grande porcentagem de imigrantes ou filhos de imigrantes procedentes do norte da África.
Um dos incidentes mais graves foi registrado durante este fim de semana. Manifestantes queimaram automóveis e lançaram pedras e parafusos contra policiais, que responderam com bombas de gás lacrimogênio e detenções.
No fim de semana, a polícia afirmou ter resgatado uma menina de 5 anos de dentro de um veículo em chamas. No entanto, segundo informações do jornal, um jovem manifestante de 16 anos contradisse a versão policial, dizendo que foi ele quem salvou a menina. “Não sou um herói. Só quero estabelecer a verdade”, disse em um blog.
A França ainda vive a difícil recordação dos protestos que aconteceram em 2005, quando dois jovens morreram eletrocutados enquanto eram perseguidos pela polícia. O ocorrido provocou três semanas de protestos com a depredação de 300 edifícios, 100 carros queimados e 130 policiais feridos.