A polícia do México prendeu nesta quinta-feira, 5, Ovidio Guzmán-López, filho do narcotraficante Joaquín Guzmán, conhecido como “El Chapo”, e um dos líderes do cartel de Sinaloa, no oeste mexicano.
Após a prisão de Guzmán-López, durante uma operação nas primeiras horas desta quinta-feira em Culiacán, narcotraficantes bloquearam estradas dos principais acesso à cidade. Houve também relatos de tiroteios e incêndios e autoridades pediram para a população não sair às ruas, suspendendo serviços e aulas em vários municípios próximos.
Em publicação nas redes sociais, o governador de Sinaloa, Rubén Rocha Moya, pediu calma à população e disse que foi notificado pelo governo federal de que as Forças Armadas estavam a caminho para uma operação.
Ante los eventos que están ocurriendo en Culiacán, pido a las y los ciudadanos conservar la calma y resguardarse en sus hogares. Las autoridades están ejerciendo su tarea y los mantendremos enterados.
— Rubén Rocha Moya (@rochamoya_) January 5, 2023
De acordo com Moya, a prisão ocasionou “alguns eventos violentos na capital e em outros lugares do Estado”, mas é importante que “cidadãos mantenham a calma e se resguardem enquanto as ações não forem concluídas”.
O casos desta quinta-feira lembra o chamado “Culicanazo”, as horas de terror vividas na região em 2019, quando Guzmán-López foi preso, mas solto horas depois para conter a escalada de violência. Junto com os irmãos Iván Archivaldo e Jesús Alfredo, Guzmán-López é um dos filhos de “El Chapo” que compõem um grupo do Cartel de Sinaloa conhecido como “Los Chapitos”.
Também em 2019, o próprio “El Chapo” foi sentenciado à pena perpétua com um acréscimo de 30 anos na prisão por crimes de condução de organização criminosa, distribuição internacional de cocaína, de heroína, de maconha e de outras drogas, além de conspiração para camuflar narcóticos.
Antes de receber a sentença, ele disse que não recebeu um julgamento justo e reclamou da prisão federal na qual esperava pela sentença, chamando-a de “tortura psicológica e emocional 24 horas por dia”.
Os testemunhos e evidências que o júri recebeu trouxeram à tona assassinatos e torturas brutais, esquemas de corrupção, queima de corpos de vítimas em fogueiras, ataques com bazucas e até mesmo o estupro de jovens previamente drogadas pelo próprio El Chapo. O traficante também costumava ter seu monograma impresso em fuzis AK-47 e portava pistolas incrustadas de diamantes.
Ele só começou a ser julgado nos Estados Unidos após um acordo entre os governos americano e mexicano para extraditá-lo. O processo de negociação foi longo e difícil devido à rede de corrupção que o narcotraficante criou dentro do México.
Uma das testemunhas chegou a afirmar que o ex-presidente mexicano Enrique Peña Neto recebeu 100 milhões de dólares em propinas.