Em meio ao aumento de protestos em todo o território peruano, que até agora já deixaram sete mortos e cerca de 200 feridos, o ministro da Defesa do Peru, Alberto Ótarola, declarou estado de emergência nesta quarta-feira, 14, por 30 dias. Segundo o político, o objetivo da medida, que permite a atuação do Exército para reprimir atos, é conter possíveis atos de violência e vandalismo.
“Atos de vandalismo e violência, e fechamento de rodovias e estradas, que certamente já são atos estabilizadores (…) exigem uma resposta contundente por parte do governo”, disse Ótarola.
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Os protestos se desencadearam há seis dias, após o então presidente Pedro Castillo tentar dissolver o Congresso, sem sucesso, e ser preso, fazendo com que sua vice assumisse o comando do país. Desde então, muitos manifestantes, entre eles partidários de Castillo, pedem a libertação do ex-presidente e exigem novas eleições. Alguns também pediram o fechamento do Congresso, que caracterizam como corrupto, relembrando o fato de o país ter passado por seis presidentes diferentes dentro dos últimos quatro anos.
Dina Boluarte, atual presidente do país, tentou acalmar os protestos ao apresentar uma proposta para eleições antecipadas, em abril de 2024, dois anos antes do planejado. Ainda assim, a proposta foi rejeitada por boa parte dos grupos que permanecem nas ruas.
As manifestações ocupam as ruas em todo o país, incluindo em Lima, a capital, onde a tropa de choque usou gás lacrimogêneo contra a população. Rodovias e aeroportos chegaram a ser bloqueados. Um jovem de 15 anos e um de 18 morreram “possivelmente em consequência de ferimentos de bala” durante confrontos com a polícia no na cidade de Andahuaylas, na região andina de Apurimac, disse a chefe da ouvidoria do Peru, Eliana Revollar, à rádio local RPP.
A Corporação Peruana de Aeroportos e Aviação Comercial, que administra os aeroportos do país, informou o fechamento do aeroporto de Andahuaylas após ataques e atos de vandalismo desde sábado. Os manifestantes incendiaram a sala do transmissor, que é crucial para fornecer serviços de navegação, acrescentou.
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Castillo pode ser acusado por mais de 50 anos pela tentativa de dissolver o Congresso. Além disso, o ex-presidente já tem 54 outros processos de corrupção abertos durante a sua gestão como chefe de Estado do país.
Desde o começo dos protestos, o ex-presidente peruano tem escrito cartas espalhadas por pessoas de sua confiança.
“Fui eleito pelos homens e mulheres esquecidos do Peru profundo, pelos despossuídos que foram adiados por mais de 200 anos. Desde que assumi o cargo, eles não permitiram um minuto para rejeitar tal decisão do povo”, escreveu nesta quarta-feira.