O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeo, levantou, nesta quinta-feira, 24, a possibilidade de fornecer armas à Ucrânia, uma reação ao suposto envio de soldados norte-coreanos à Rússia para ajudar Vladimir Putin a vencer a guerra.
Yoon enfatizou, em coletiva de imprensa após reunião com seu homólogo polonês Andrzej Duda, que seu governo “não ficará parado”. Autoridades dos Estados Unidos e da Coreia do Sul disseram acreditar que a Coreia do Norte enviou cerca de 3 mil soldados para treinamento na Rússia. A agência de espionagem sul-coreana disse ao Congresso do país que Pyongyang provavelmente pretende despachar um total de 10 mil militares à nação aliada até o final do ano.
A reunião de Yoon com Duda foi focada na expansão da cooperação de defesa entre os países em meio ao conflito em andamento. A Polônia assinou uma série de acordos de vendas de armas com a Coreia do Sul nos últimos dois anos para adquirir tanques, obuses e lançadores de mísseis, na tentativa de reforçar suas capacidades militares após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
“Notícia falsa”
Tanto Moscou quanto Pyongyang negaram ter intenção de realizar transferências de armas, mas prometeram fortalecer seus laços militares. Em uma cúpula em junho, os aliados assinaram um tratado de defesa mútua. O Kremlin rejeitou como “notícia falsa” a alegação da Coreia do Sul sobre o envio de soldados norte-coreanos.
Na segunda-feira, um alto diplomata americano disse que Washington estava consultando aliados sobre as implicações do envolvimento da Coreia do Norte, acrescentando que, se comprovado, o fato seria um “desenvolvimento perigoso e altamente preocupante”.
Pyongyang não respondeu às alegações, mas as autoridades locais montaram esforços para impedir que as notícias se espalhassem, segundo Lee Seong-kweun, legislador do comitê de inteligência do Congresso sul-coreano. Acredita-se que, em troca do apoio, Pyongyang pode exigir a ajuda militar da Rússia em caso de conflito na península coreana, bem como o envio de assistência econômica.
“Houve até rumores de que as famílias dos soldados selecionados choraram tanto que seus rostos ficaram gravemente feridos”, disse Lee, citando a agência de espionagem. “Também há sinais de autoridades norte-coreanas realocando e isolando essas famílias em um determinado lugar para controlá-las e reprimir completamente os rumores.”
Lee também disse que a agência de espionagem da Coreia do Sul confirmou que a Rússia recrutou um “grande número” de intérpretes para os soldados norte-coreanos, enquanto os treinava para usar equipamentos militares, como drones.