Presidente do Peru sinaliza com dissolução constitucional do Congresso
Martín Vizcarra pressiona parlamentares da oposição a apoiarem seu projeto de reforma política

O presidente do Peru, Martín Vizcarra, anunciou nesta quarta-feira, 30, que apresentará uma questão de confiança, que abre caminho para a dissolução constitucional do Congresso, por causa do bloqueio do partido fujimorista Força Popular à aprovação de seu projeto de reforma política.
“O governo decidiu apresentar uma questão de confiança em relação às políticas de fortalecimento institucional e de luta contra a corrupção”, disse Vizcarra em pronunciamento no Palácio de Governo, no qual estava acompanhado por seus ministros e pelos governadores de todas as províncias do país.
A Constituição peruana dá ao Executivo o poder de dissolver o Congresso se o Legislativo rejeitar duas questões de confiança propostas pelo governo. Caso esta moção seja negada, Vizcarra convocará novas eleições parlamentares para completar o período de governo, que termina em julho de 2021.
Esta será a terceira questão de confiança apresentada por Vizcarra, que assumiu o poder em março de 2018 após a renúncia de Pedro Pablo Kucyznski, atualmente em prisão domiciliar. O ex-presidente já havia sofrido uma derrota ao fazer uma manobra similar à de Vizcarra em setembro de 2017.
Durante sua dura mensagem desta quarta-feira, o governante acusou diretamente a maioria fujimorista no Congresso que, em aliança com a pequena bancada do Partido Aprista, dificultou a tramitação da reforma do governo e arquivou um pedido de destituição do ex-procurador-geral Pedro Chávarry.
“Diante de semelhante boicote à luta anticorrupção, o governo e a população não podem ficar alheios e não manifestar uma profunda preocupação”, considerou o presidente, antes de ressaltar que, no Congresso, há “uma enorme máquina de impedir e de blindar”.
Para Vizcarra, há parlamentares que “querem continuar traindo a população favorecendo os privilégios e a corrupção às custas do futuro de todos”.
Por isso, exigiu que o Congresso aprove os cinco projetos de lei apresentados pelo seu governo, que propõem “que a imunidade parlamentar não se transforme em impunidade” e que “as pessoas condenadas não possam se candidatar” a postos públicos.
Além disso, a reforma permite a qualquer cidadão participar da seleção de candidatos, por meio de eleições primárias internas, e elimina o voto preferencial, que outorga a prioridade de um candidato sobre outro. Também prevê que a população defina “a participação de mulheres com paridade e alternância” nos pleitos.
O presidente peruano quer ainda, com a reforma, proibir o uso de “dinheiro sujo nas campanhas” e pediu aos congressistas que “reconsiderem o arquivamento das denúncias constitucionais” contra Chávarry.
Ao encerrar sua mensagem, Vizcarra se dirigiu à população para dizer que ela “pode mudar esta situação” e lembrou que foi “a indignação e o clamor cidadão que ajudaram a visibilizar a corrupção”. No Peru, além de Kuczynski, outros três ex-presidentes foram investigados por crimes de corrupção envolvendo a empresa brasileira Odebrecht – Alejandro Toledo, foragido nos Estados Unidos, Ollanta Humala e Alan Garcia, que se matou ao receber ordem de prisão, em abril passado.
“Faço um chamado à população para que mais uma vez nos ponhamos de pé, avancemos juntos nas reformas que o país precisa. Não permitamos que a impunidade triunfe, temos um enorme desafio de construir as bases do Peru do bicentenário. Se não fizermos isso, teremos perdido a oportunidade de deixar um país melhor a nossos filhos”, concluiu.
(Com EFE)
Essa é uma matéria exclusiva para assinantes. Se já é assinante, entre aqui. Assine para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.
Essa é uma matéria fechada para assinantes e não identificamos permissão de acesso na sua conta. Para tentar entrar com outro usuário, clique aqui ou adquira uma assinatura na oferta abaixo
Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique. Assine VEJA.
Impressa + Digital
Plano completo de VEJA. Acesso ilimitado aos conteúdos exclusivos em todos formatos: revista impressa, site com notícias 24h e revista digital no app (celular/tablet).
Colunistas que refletem o jornalismo sério e de qualidade do time VEJA.
Receba semanalmente VEJA impressa mais Acesso imediato às edições digitais no App.
MELHOR
OFERTA
Digital
Plano ilimitado para você que gosta de acompanhar diariamente os conteúdos exclusivos de VEJA no site, com notícias 24h e ter acesso a edição digital no app, para celular e tablet. Edições de Veja liberadas no App de maneira imediata.
30% de desconto
1 ano por R$ 82,80
(cada mês sai por R$ 6,90)